Resumo

O corpo, especialmente o corpo design, onde se destacam a forma e a aparência, é um dos ícones da sociedade contemporânea. O professor de Educação Física interage diretamente com o ser humano e seu corpo fortemente influenciado pelo contexto social. O objetivo desta pesquisa é investigar e discutir de que forma os professores de Educação Física, especialmente os universitários, que atuam no processo de Formação de Professores de Educação Física, lidam com a valorização da estética corporal. A presente investigação, de natureza qualitativa, visa o aprofundamento da realidade de um curso de Licenciatura em Educação Física de uma instituição de ensino superior pública. A principal técnica de coleta de dados utilizada, dentre outras, foi entrevista semi-estruturada, aplicada a quinze professores universitários, selecionados a partir das disciplinas que ministravam naquela instituição. Verificou-se que: a) Na visão dos professores, a estética é o aspecto mais valorizado no corpo contemporâneo; b) A atuação do professor de Educação Física, perante este corpo, é predominantemente associada à figura do agente de saúde; c) A prática pedagógica dos professores entrevistados é, preponderantemente, voltada ao corpo-experimento e ao corpo-instrumento; d) 53,33% dos professores abordam temáticas relativas à estética corporal e 26% utilizam apoio bibliográfico relacionado ao assunto; e) Não foi detectada uma tendência homogênea relativa à imagem que os professores fazem do corpo dos alunos do curso de Licenciatura em Educação Física; f) Em relação ao próprio corpo dos professores, os atributos físicos foram os mais valorizados, principalmente pelos homens. Conclui-se que o paradigma biologizante é ainda bastante presente na Educação Física, influenciando na forma de se lidar com o corpo design ou corpo estético. Sugere-se a necessidade de se rediscutir a Educação Física, essencialmente o processo de Formação de Professores, na perspectiva de uma “educação sociocorporal”, pautada, dentre outros princípios, por uma concepção de corpo sociocultural, pelo entendimento do aluno como sujeito do conhecimento e, do professor, como intelectual crítico. 
 

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