Resumo

O trabalho do “Passeio Público à Ferrovia” explicita a formação do lazer desportivo em torno da bola pelos trabalhadores da cidade de Fortaleza. Podemos observar como as classes subalternas se apropriaram do esporte junto com as elites. Os lugares onde o esporte floresceu e suas espacialidades não possuíam dicotomias tão acentuadas que outrora os memorialistas observaram. É clara a absorção de jogadores oriundos das classes subalternas nos times elitistas. O futebol como lazer social se espalhou entre as diversas camadas sociais. A dissertação revela os embates sociais vivenciados pelos trabalhadores, durante as mudanças trabalhistas implicadas pelo Estado Novo. Como as elites se relacionavam antes de 1930 com os trabalhadores que jogavam futebol, e como eles percebiam esse esporte praticado por outro grupo social. Percebi posterior a “revolução de 30” as alterações no relacionamento do lazer operário, principalmente pela interferência do Estado. O texto centraliza o olhar do historiador na trajetória de construção do time do Ferroviário Atlético Clube. Como outros clubes oriundos de trabalhadores, os ferroviários promoveram partidas no intuito de construir um lazer independente. A beneficência dos ferroviários seria uma das primeiras promotoras do futebol associativo. Essa prática instigada pelo presidente da beneficência favoreceu o surgimento do Ferroviário 14 anos depois. O trabalho culmina com a vitória do Ferroviário Atlético Clube, em 1945, no campeonato cearense. O campeonato era promovido pela liga formada pelos times da elite. Eu chamei esse fato de uma vitória simbólica da classe operária contra a exploração do patronato.

 

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