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É com grande prazer que apresentamos esse número especial da Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, em comemoração aos 30 anos de Pósgraduação na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP).

Há 30 anos o nosso Programa de pós-graduação vem contribuindo significativamente para a produção científica na área de Educação Física e Esporte. Como descreve o último relatório da comissão de avaliação da sub-área Educação Física na Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES) (BRASIL, 2007) “a pósgraduação não existe sem pesquisa”. Dessa forma, analisar a produção de artigos originais dos docentes da pós-graduação parece ser umas das estratégias para avaliar o desempenho e a inserção nacional e internacional do programa da EEFE-USP.

A produção docente cresceu sobremaneira ao longo da última década e, o que é mais interessante, mudou de perfil. Vários são os indicativos que podem demonstrar o aumento da quantidade e da qualidade da produção científica vinculada à pósgraduação. Em relação à quantidade, a FIGURA 1 mostra que nos últimos 10 anos houve um aumento gradual da produtividade, ocorrendo uma estabilização de 2004 a 2006. Porém, uma análise mais cuidadosa demonstra que essa estabilização não representa uma estagnação na produção científica do corpo docente, mas sim uma mudança drástica na qualidade dos trabalhos produzidos.

Nos últimos anos, os docentes da EEFE-USP têm evidenciado uma forte inclinação por publicar em revistas de alto impacto científico, seguindo as recomendações da Universidade de São Paulo e da CAPES. A FIGURA 2 mostra a distribuição dos artigos publicados em revistas internacionais A e B, e nacionais (essas últimas estão agrupadas) seguindo o critério de qualificação do Sistema Qualis da CAPES. Os dados preliminares de 2007 apontam 25 artigos Internacionais A já publicados, confirmando a tendência de aumentar o número de publicações em revistas de alto impacto.

Outro fato extremamente interessante é que os docentes da pós-graduação da EEFE-USP também não têm escolhido para a publicação de seus trabalhos científicos, que a primeira vista parece extremamente lógico, a Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (FIGURA 3). Na última década, houve uma média de 6,4 trabalhos publicados por professores da EEFE-USP, ou seja, baixa endogenia, quando comparado ao número total de artigos publicados em outros periódicos.

Vários são os fatores que favoreceram para essa mudança do perfil de publicações dos docentes credenciados no programa de pós-graduação da EEFEUSP. Acreditamos que o principal fator para essa mudança tenha sido a política adotada pelos órgãos reguladores e fomentadores da pesquisa e pósgraduação no Brasil. Dentre eles podemos destacar: a) o sistema de avaliação dos programas de pós-graduação implementado pela CAPES em 1976, e que a partir de 2002 enfatizou a publicação científica dos programas; b) a adoção do sistema QUALIS para a qualificação da produção científica, a partir de 1998; c) a pressão imposta pelas agências de fomento à pesquisa, que demandam publicações de impacto para a obtenção de verbas para pesquisa e projetos sólidos que também possam resultar em publicações; e d) a estrutura Universitária que adotou essa política de publicação como um “modus operandi”.

Porém, esses são fatores externos que estão “pressionando” o sistema produtivo. Há várias mudanças dentro da EEFE-USP que também parecem estar impulsionando a produção científica. Duas delas consideramos extremamente importantes. A primeira é a criação de vários grupos de pesquisa com lideranças sólidas e temáticas bem definidas, com real orientação à pesquisa. A segunda é o início de várias parcerias entre docentes da EEFE-USP para a realização de projetos de pesquisa conjuntos, nos quais diferentes competências são agregadas. Em médio prazo, a manutenção dos grupos de pesquisa e das parcerias docentes pode resultar em outro salto quantitativo e qualitativo nas publicações vinculadas à pós-graduação da EEFE-USP.

Para finalizar, acreditamos fortemente que políticas públicas continuarão a pressionar os cursos de pós-graduação em direção a produção científica e que grande parte dos docentes da EEFE-USP amadureceu e entendeu a necessidade de iniciativas conjuntas para impulsionar a quantidade e a qualidade da produção científica. Nessa perspectiva, resta-nos desejar FELIZES PRÓXIMOS 30 ANOS para a pós-graduação da EEFE-USP

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