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Somos o único país pentacampeão mundial no futebol.Se este assunto é de um interesse invulgar dentro de nossa sociedade hoje, já houve época em que o jogo de bola era visto como algo menor dentro de nossa cultura. E não faz tanto tempo assim.

Se olharmos com alguma atenção para trás, veremos que antes do tetra, em 1994, o futebol era um tema não muito nobre dentro da cultura – para dizer o mínimo. Mas depois da conquista nos Estados Unidos tudo mudou. E para melhor.

Nós, da Revista USP, gostamos de pensar que ajudamos, de certa forma, a mudar o cenário de desconfiança, nos meios culturais, no que diz respeito ao assunto futebol. Afinal de contas, no nosso número 22, naquele 1994, tivemos – por que não dizer – a coragem de estampar, pela primeira vez numa publicação acadêmica, um dossiê sobre o chamado ludopédio.

Entre parêntese: na época corremos um grande risco, pois a impressão da edição acabou atrasando, e chegamos a temer pela sorte daquele número. Felizmente, para todos, fomos campeões e, graças a isso, para nós, aquela edição não só não encalhou, como se tornou, ao longo do tempo, referência fundamental nos estudos acadêmicos que contemplaram – e contemplam – o tema.

Assim, nossa primeira incursão oficial ao tema futebol gerou, como aquela seleção, um enorme sucesso. Nós sabíamos que isso aconteceria, devido à qualidade dos textos que tínhamos nas mãos para aquele número.

Pois novamente estampamos um dossiê sobre futebol. E novamente no ano da Copa. Que desta vez será no Brasil.

A edição atual, no entanto, é diferenciada e, acreditamos, rapidamente se tornará bibliografia básica não apenas universitária, mas ainda fundamental para os amantes do esporte no país. Nomes e temas abordados estão mais bem imbricados. E para fechar a seção contamos com um brilhante ensaio de imagens de artistas plásticos brasileiros. (Aliás, a imagem da capa deste número também guarda uma nota interessante: é o único quadro de Rebolo – que antes de se tornar pintor foi jogador profissional do Corinthians – a retratar o futebol, e no qual a figura da direita é um autorretrato do artista, que era conhecido como Formiga.)

Se o técnico Luiz Felipe Scolari diz que o Brasil tem “obrigação” de conquistaro hexa, por jogarmos em casa, este nosso número já é um troféu antecipado. Convidamos o leitor a estender os olhos, e a mente, para as páginas que se seguem. O resultado é apaixonante, como se poderá ver. Como o próprio futebol.

Francisco Costa

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