Resumo

A educação ao ar livre, por meio de cursos no formato expedição, ainda acontece de forma tímida no Brasil. Entende-se por cursos no formato expedição, experiências educacionais contínuas, de múltiplos dias, em que alunos e instrutores se aventuram em um trajeto em área remota na natureza, de forma autossuficiente. Embora haja estudos sobre esta proposta pedagógica no exterior, não se sabe se os resultados valem para a experiência brasileira. Este estudo trata de dois aspectos fundamentais à educação contemporânea: o valor da experiência e o desenvolvimento moral do indivíduo. Por meio de entrevistas e de questionários semiestruturados, investigamos a percepção das aprendizagens dos alunos de cursos da escola Outward Bound Brasil e de seus educadores. Também entrevistamos uma psicóloga que coordena um abrigo para menores, em um estudo de caso sobre um aluno adolescente. Os resultados encontrados indicam que os cursos de educação ao ar livre caracterizamse por experiências que estimulam os trabalhos em grupo, os debates sobre justiça e solidariedade na resolução de problemas e a reflexão sobre valores e princípios como coragem, esforço pessoal, disciplina, respeito e superação de limites. Os resultados também indicam que esta proposta educacional proporciona experiências sensíveis e de conexão do ser humano com a natureza. Muito embora os resultados indiquem um grande potencial educacional para a educação ao ar livre, a atuação do profissional frente aos seus alunos é fundamental para que as experiências sejam fisicamente e psicologicamente seguras, alcancem seus potencias pedagógicos de desenvolvimento da moralidade e ajudem as pessoas a desenvolverem uma consciência ambiental crítica e não dogmática, manifestada por meio de ações concretas ao retornarem dos cursos para as suas casas e comunidades.

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