Resumo

Refletir e agir sobre a Educação impõe-nos o desafio de encarar uma realidade
construída num longo processo histórico. Apesar do conhecimento acumulado,
carecemos de proposições capazes de contribuir na superação de insistentes
contradições sócio-educativas. Pode-se mencionar entre elas a existência de jovens
desassistidos pelo nosso sistema de ensino, assim como questionáveis processos de
escolarização aos quais são submetidas pessoas que apresentam necessidades
educacionais especiais. A necessidade de projetar uma escola capaz de suplantar
suas próprias contradições passa pela contribuição específica que cada disciplina - a
Educação Física, por exemplo - oferece à consecução do projeto pedagógico
elaborado e implementado pela própria escola. A inclusão escolar de alunos que
apresentam necessidades especiais é, neste sentido, uma provocação que não pode
ser ignorada. Por conseguinte, o presente estudo guardou como objetivo acompanhar
os modos como professores do componente curricular Educação Física lidam em
suas aulas com a proposta de inclusão escolar de alunos que apresentam necessidades
educacionais especiais. A pesquisa assentou-se em pressupostos metodológicos da
pesquisa-ação e do grupo de focalização. Dezesseis professores de Educação Física,
da rede pública municipal de ensino de uma cidade paranaense, constituíram grupo
de estudo/trabalho com foco nas questões relativas à intervenção em ambientes
escolares inclusivos. Para efeito de coleta de dados foram realizadas entrevistas
coletivas, análises de aulas registradas em VHS e diários de campo reflexivos - que
por sua vez configuraram fotografia, radiografia e cinematografia do Grupo. Os
resultados encontrados indicam contradições importantes de serem superadas no
ambiente escolar, e que refletem no atendimento prestado por professores de
Educação Física a alunos com necessidades especiais em contextos educacionais
que se pretendem inclusivos. A título de considerações finais procedimentos
relacionados à implementação de programas de formação continuada, assim como
à realização de pesquisas numa perspectiva relacional são apontados. É fundamental
que a autonomia profissional seja exercitada no sentido de fortalecer a autoria de
projetos pedagógicos que garantam o processo de escolarização de todos alunos.
Essa conjugação do exercício responsável da autonomia, com a autoria de projetos
pedagógicos efetivos, pode corroborar a autoridade profissional do professor de
Educação Física dentro da escola.

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