Resumo

O estudo teve como finalidade verificar a possibilidade da Educação Física poder atuar em outros domínios além do Psicomotor e aplicar uma forma de conduzir as aulas de maneira que possam contribuir na aprendizagem da Matemática em alunos da primeira série do primeiro grau. Esses pré-supostos baseiam-se na teoria de PIAGET e estudos de KEPHART, que preconizam a importância de atividades físicas para o desenvolvimento Cognitivo. Participaram desse experimento alunos não repetentes de duas das primeiras séries do primeiro grau de uma escola da periferia. Os Grupos Experimental (GE) e de Controle (GC) foram formados de maneira aleatória, num total de 24 alunos no GE e 23 no GC. Para o GE, foi desenvolvido um programa de Educação Física com Matemática (EFM) e, para o GC, apenas aulas de Educação Física (EDF), para que este não se sentisse em desvantagem diante dos colegas do outro grupo e para não causar um clima de insatisfação. Esses grupos deveriam participar de 32 aulas durante os dois bimestres, mas foi possível a realização de somente 16 aulas devido às fortes chuvas no segundo período de experimento. Os resultados da aprendizagem dos conceitos Matemáticos foram obtidos através de um instrumento (prova de Matemática) aplicado no final de cada bimestre. Nesse instrumento, visou-se avaliar quatro diferentes Categorias de Conhecimento que no primeiro bimestre, foram as seguintes: 1a.) Posições; 2a.) Lateralidade; 3a.) Conjuntos e Símbolos; 4a.) Cores e Formas. Para o segundo bimestre foram as seguintes: 1a.) Lateralidade; 2a.) Conjuntos e Símbolos; 3a.) Cores e Formas; 4a.) Conjunto União. Além disso, procurou-se fazer uma avaliação Global das quatro categorias juntas em cada bimestre. Os dados foram analisados quantitativamente, mostrando a distribuição de valores, médias e percentagens. A significância da diferença entre as médias obtidas no GE e GC foi verificada estatisticamente através do teste "T" de Student. Os resultados indicam que a utilização da EFM proporciona, no primeiro bimestre, uma maior aprendizagem Global quando comparada com o método tradicional, isto é, aulas teóricas de Matemática e de Educação Física, sem conteúdos acadêmicos. Uma análise em separado, das quatro categorias de Conhecimento releva que a única onde não há diferença significativa é a de Conjunto e Símbolos, porém, o tratamento do GE não prejudicou a aprendizagem. Isto implica dizer que existe a possibilidade da EFM contribuir na aquisição de conceitos Matemáticos sem o receio, por parte dos professores, em prejudicarem o aprendizado dos alunos. Durante o segundo bimestre, os dois grupos tiveram somente aulas teóricas devido às fortes chuvas deste período. Ao analisar os resultados obtidos na segunda avaliação, constata-se que não há diferença significativa nas Categorias de Conhecimento, exceto para a de Cores e Formas onde os alunos do GE tiveram rendimentos superiores ao do GC. Porém, esse resultado não foi devido a um efeito mais duradouro do tratamento dado no primeiro bimestre, mas sim ao efeito da mortalidade de 3 alunos do GE. Entretanto, nas demais categorias não há durabilidade dos efeitos e nem tampouco se evidenciam efeitos indiretos para aprendizagem de novas matérias do programa de Matemática desenvolvido nesse período, mas também não há prejuízo nisso. Numa avaliação geral, concluiu-se que os movimentos que envolvem todo o corpo, como foram realizados no programa do GE no primeiro bimestre, levam a melhores resultados em comparação ao procedimento tradicional. Com base nos resultados e conclusões desse trabalho, são dadas sugestões para novas pesquisas na área e para o aperfeiçoamento do programa. A importância desse estudo é facultar e estimular a abertura para uma filosofia e metodologia do ensino que possa contribuir com a Educação Física, quando for definitivamente introduzida nas quatro primeiras séries do primeiro grau, principalmente na primeira série.

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