Resumo

Um dos fatores que têm motivado as discussões na área da Educação Física nos últimos anos diz respeito ao processo de formação inicial. As Resoluções nacionais 01 e 02 CNE/CP/02 e 07 CNE/CES/04, dividiram muitas opiniões na área, uma vez que estabelecia a separação entre a licenciatura e o bacharelado. Para alguns autores essa divisão era necessária, especialmente para garantir o melhor atendimento no contexto escolar e contemplar os mercados emergentes extra-escolares que surgiam admitindo a necessidade de conhecimentos mais especializados. Outros autores, por sua vez, identificaram problemas, que não garantiam essa separação, pois os cursos ainda não atendiam a formações diferenciadas, mantendo propensão para a licenciatura. Ainda tinham aqueles que não concordavam com a separação e defendiam uma formação generalista. Diante desse quadro, nossas preocupações se voltaram para a formação no Estado do Paraná, em especial pela investigação de referenciais teóricos que estavam presentes nas duas formações, buscando encontrar ou não diferenças nesse contexto. Sendo assim, estabelecemos como objetivo geral investigar a base teórica dos cursos de educação física do Estado do Paraná por meio dos referenciais teóricos utilizados, a fim de conhecer se há diferença significativa entre os cursos de licenciatura e bacharelado. Para alcançar esse objetivo, selecionamos quatro IES públicas do Estado do Paraná, analisamos as disciplinas dos cursos de licenciatura e bacharelado indicando aproximações e distanciamentos quanto à terminologia e referencial teórico básico e complementar e entrevistamos sete coordenadores de cinco Instituições de Ensino Superior pesquisadas que buscaram descrever a realidade de cada IES. A análise dos dados apontou que os cursos de licenciatura têm se organizado para atender com mais ênfase as dimensões do conhecimento pedagógico e de cultura de movimento, sendo que o curso de bacharelado apresenta mais disciplinas que se voltam para o conhecimento técnico instrumental além do cultural do movimento. Quanto aos referenciais, encontramos na maioria das IES mais aproximações entre os cursos com a especialidade da área, em especial nas disciplinas da dimensão produção do conhecimento, cultural do movimento, produção do conhecimento científico e tecnológico, sendo que o bacharelado ainda não apresenta um referencial consistente na dimensão didático pedagógica. Identificamos também a presença de matrizes teóricas da área, contudo, mais voltadas para a perspectiva pedagógica. Os resultados indicam que no que se refere ao referencial, a área precisa avançar para caminhar rumo à uma formação mais solidificada, ou seja, que atenda e caracterize a formação pretendida, sejalicenciatura ou bacharelado. Espera-se que esse estudo contribua com a área e que incite que novas pesquisas sejam realizadas para que possamos ter mudanças concretas na formação inicial em nosso país.

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