Resumo

À medida que o praticante de treinamento de força (TF) evolui em seu treinamento, o mesmo pode alcançar o que se chama de platô de estagnação da força muscular, o qual faz com que seja difícil da força muscular continuar evoluindo. Supõe- se que para superar esta estagnação da força muscular se possa fazer uso de alguns recursos ergogênicos, tais como a cafeína e a estimulação transcraniana de corrente contínua (ETCC). Ambos estes recursos ergogênicos possuem atuação no sistema nervoso central (SNC), fato que faz com que suas utilizações em conjunto, possa fazer com que um possa interferir na ação do outro, proporcionando maior, menor ou não alterando a força muscular. No entanto, ambos estes recursos possuem estudos escassos que os relacionem ao treinamento de força, principalmente quando utilizados em conjunto. Portanto, o objetivo do presente estudo foi investigar os efeitos da ETCC combinada com a ingestão de cafeína na força muscular e na percepção da dor muscular em homens treinados em TF. Para isso foram recrutados 15 indivíduos do sexo masculino treinados em TF (24,7 ± 4,4 anos, 81,4 ± 7,2 kg de massa, 178,2 ± 5,9 cm de altura, 21,0 ± 7,1% do percentual de gordura corporal e 25,7 ± 2,8kg / m2 de IMC). Os indivíduos foram aleatorizados de forma contrabalanceada nas seguintes condições experimentais: ETCC falsa e ingestão de placebo (Sham + Pla), ETCC falsa e ingestão de cafeína (Sham + Caff), ETCC catódica e ingestão de placebo (c-ETCC + Pla), ETCC catódica e ingestão de cafeína (c- ETCC + Caff), ETCC anódica e ingestão de placebo (a-ETCC + Pla) e ETCC anódica e ingestão de cafeína (a-ETCC + Caff). A ingestão de Caff ou Pla (ambos com 5 mg.kg-1) ocorreu antes do início das sessões da ETCC (≈ 40 min.) e 1 hora antes do início das condições experimentais. A aplicação da ETCC sobre o CPFDL esquerdo durou 20 minutos com intensidade de corrente de 2mA. Imediatamente após a estimulação, os indivíduos seguiram para o exercício de 3 séries no supino reto com uma intensidade de 80% de 1RM. A percepção da dor muscular foi medida imediatamente ao final de cada repetição em cada série. Os resultados mostraram que o volume de carga (VC) na condição a-ETCC + Caff foi maior em comparação com c-ETCC + Caff, c-ETCC + Pla e Sham + Pla (p <0,05). Além disso, o VC na condição Sham + Caff foi maior em comparação com c-ETCC + Pla e Sham + Pla (p <0,05). Para o número de repetições as comparações entre as condições mostraram que o número de repetições na condição a-ETCC + Caff foi maior quando comparado ao c-ETCC + Caff (p = 0,017), c-ETCC + Pla (p = 0,025) e Sham + Pla (p = 0,005). Além disso, o número de repetições na condição Sham + Caff foi maior quando comparado às condições c-ETCC + Pla (p = 0,03) e Sham + Pla (p = 0,011), respectivamente. A dor muscular encontrou efeito principal para as séries, sem diferenças entre as condições, no entanto, as comparações post-hoc mostraram que o desconforto na 3a série foi maior quando comparada a 2a série (p = 0,002) e a 1a série (p ≤ 0,001). Além disso, a 2a série também foi maior quando comparado a 1a série (p = 0,001). As melhorias no desempenho do exercício no supino após a aplicação de intervenções adjuvantes (a- ETCC mais ingestão de cafeína) ou intervenção isolada (somente a ingestão de cafeína) são semelhantes em indivíduos bem treinados, entretanto, parece que a cafeína está modulando mais a força do que a ETCC.

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