Resumo

Recentes evidências sugerem que o exercício físico intenso pode ser uma importante ferramenta para controle do apetite e um tratamento para obesidade, pois, ao promover um grande produção aguda de lactato muscular, induz a liberação de neuropeptídeos moduladores de apetite de forma dose dependente o que pode resultar na redução da ingestão de calorias. Também, a suplementação de L-leucina tem o potencial de modular o apetite — por meio de ativação da via da mTORC —, além de induzir o aumento plasmático de neuropeptídeos moduladores de apetite também aumenta a sensibilidade à insulina. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito agudo da associação da suplementação de L-leucina ao sprint intervalado de alta intensidade (SIT) no controle de apetite em humanos. O estudo foi do tipo duplo cego, randomizado, contrabalanceado e crossover. Para isso 10 participantes (26 ±5,8 anos; IMC, 22,9 ± 1,55) realizaram dois experimentos: 1) suplementação de leucina associada ao SIT (SIT+LEU) e 2) placebo associado ao SIT (SIT+PLA). A suplementação foi realizada por dois dias (no dia do treino e um dia após o treino) com três doses diárias de 70 mg/kg de peso de leucina ou placebo (maltodextrina) num intervalo de 8 horas por dose. Foi registrada a ingestão calórica do dia anterior ao treino, do dia do treino e de um dia após o treino. No dia do SIT, os voluntários vieram ao laboratório às 8h, em jejum, para fazer a primeira dose do suplemento seguido do desjejum padrão de 15 min. O SIT (quatro corridas máximas de 30 segundo com intervalo de descanso de 4 min) foi executado 30 min após o desjejum. A percepção subjetiva de apetite (PSA) e glicemia foi coletado em quatro momentos (jejum, imediatamente antes, imediatamente após e 30 min depois do fim da sessão de SIT). O lactato sanguíneo foi coletado imediatamente antes e após o treino. A PSA foi correlacionada com os dados de glicemia e lactato pré- e pós-treino. Também foi registrada a frequência cardíaca (FC) e a percepção subjetiva de esforço (PSE) para verificar a reprodutibilidade das duas sessões. Os dados foram analisados usando a análise de variância (ANOVA) de medidas repetidas (2 grupos de tratamento: SIT+PLA e SIT+LEU × pontos no tempo), com pós-teste de Bonferroni , sendo o valor de significância de p ≤0,05. A PSA diminui significativamente após o desjejum e se manteve suprimida até os 30 min após o SIT sem diferença entre as condições. No entanto, a PSA na condição SIT+PLA aumentou significativamente 30 min após o treino em relação ao momento imediatamente após o treino. Houve aumento da ingestão calórica para a condição SIT+PLA no dia do SIT, quando comparado ao dia anterior, mas não na condição SIT+LEU; a ingestão calórica do dia após o SIT foi similar à do dia anterior ao SIT, sem diferença entre as condições. Análise da área sob a curva apresentou menores valores de glicemia para a condição SIT+LEU, quando comparada à condição SIT+PLA. Houve correlação negativa da PSA com valores de glicemia para ambas as condições. Por outro lado, houve correlação negativa de lactato e PSA somente para a condição SIT+PLA. Não houve diferença nas concentrações sanguíneas de lactato, FC e PSE entre os grupos em todas as análises. Juntos esses dados sugerem que a elevada dose utilizada neste estudo pode mitigar o efeito orexígeno em indivíduos jovens saudáveis após a prática de SIT. Também, a suplementação de L-leucina aumentou a captação de glicose quando associada ao SIT o que pode ter influenciado nas correlações de lactato e PSA para condição de SIT+LEU.

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