Resumo

A taxa de desenvolvimento de torque (TDT) é uma variável utilizada para analisar e interpretar a capacidade do músculo produzir força explosiva em um curto período de tempo, sendo muito utilizado no processo de reabilitação e condicionamento físico. Nessa perspectiva, o fenômeno conhecido com transferência cruzada de força, ou seja, treinar um membro e manter os níveis de força no músculo homólogo contralateral, é uma alternativa de treinamento. Assim, o objetivo do presente estudo foi verificar a influência de um protocolo de treino ipsilateral de extensores de joelho em diferentes velocidades de execução sobre a TDT no membro contralateral. Participaram do estudo dezenove indivíduos do sexo masculino (idade: 27,5 ± 5,0 anos; massa corporal: 73,1 ± 12,6 kg, estatura: 180 ± 10,0 cm) sem experiência em treinamento de força. Foram realizadas cinco visitas em dias não consecutivos com intervalo mínimo de 48 horas. Na primeira visita, após ler e assinar o TCLE, os participantes responderam o PAR-Q e o inventário de preferência lateral global (IPLAG). Ainda na primeira visita, foi realizada a familiarização no dinamômetro isocinético, através de uma série de cinco repetições submáximas de extensão concêntrica de joelhos com o membro dominante, nas velocidades de 30°/s, 180°/s e 300°/s, com intervalo de 90 segundos entre as velocidades, e no membro contralateral foi realizado uma série de três repetições de 3 segundos de contração voluntária isométrica máxima (CVIM). Da segunda à quinta visita, os participantes realizaram o protocolo de treino ipsilateral, quatro séries de dez repetições de extensão concêntrica do joelho, com intervalo de 60 segundos entre as séries, em três velocidades distintas, 30°/s (PI30), 180°/s (PI180) e 300°/s (PI300). Antes e após o protocolo, foi realizada CVIM no membro contralateral para investigar a ocorrência de transferência cruzada de força. O PI300 foi mais eficiente para a taxa de desenvolvimento de torque inicial no membro contralateral, sugerindo assim, que o fenômeno de transferência cruzada de força ocorreu devido aos fatores neurais, pois existe uma correlação entre o aumento da força e a taxa de recrutamento de unidades motoras. Nenhuma diferença significativa foi observada nos protocolos PI30 e PI180. Portanto, o PI300 parece ser um protocolo de treino eficiente para a manutenção de TDT no membro contralateral, o que é relevante para quadro de reabilitação e/ ou imobilização de um membro.

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