Resumo

O envelhecimento é caracterizado pela redução da função de vários sistemas orgânicos. O sistema neuromuscular é fortemente influenciado pelo envelhecimento, e repercutem sobre a capacidade de exercer força, de desempenhar as atividades da vida diária além de aumentar a fragilidade desta população. Alterações do sistema imunitário também são encontrados durante o processo de envelhecimento e influenciam diretamente na saúde dos idosos. O treinamento de força pode reduzir e/ou atenuar os efeitos deletérios da senescência. Àcidos graxos poliinsaturados ômega-3 (AGPI n3) são lipídios essenciais e estão relacionados à redução da triacilglicerolemia e colesterolemia. Estes AGPI n3 podem modular uma série de processos biológicos que envolvem a comunicação celular, interações enzimáticas e atuações em cascatas bioquímicas envolvidas na produção de respostas específicas de vários processos fisiológicos, podendo desta forma melhorar a função dos sistemas neuromuscular e imunitário. Assim, o presente estudo objetivou avaliar os efeitos do exercício físico associado à suplementção de óleo de peixe rico em ômega-3 sobre parâmetros neuromusculares, sobre a função das células imunitárias e parâmetros bioquímicos sanguíneos de mulheres idosas. Quarenta e cinco idosas (64,0±1,4 anos) foram aleatoriamente alocadas em três grupos experimentais. Um grupo realizou apenas treinamento resistido (ST) durante 90 dias, enquanto os outros dois grupos realizaram o mesmo treinamento e receberam suplementação de FO (2g.dia-1) por 90 (ST90) e 150 (ST150) dias. O ST150 foi suplementado 60 dias antes do treinamento. Um conjunto de testes neuromusculares (pico e taxa de desenvolvimento de torque isométrico máxima, a resposta eletromiográfica, o atraso eletromecânico, a velocidade de condução neural), funcionais (teste de 6 minutos, levantar da cadeira, levantar e caminhar, e sentar e alcançar), imunitários tais como a funcionalidade de neutrófilos sanguíneos (fagocitose de zimosan, retenção de vermelho neutron, produção de ânion superóxido (O2-) e de peróxido de hidrogênio (H2O2) (EROS)), produção de linfócitos (CD4 e CD8) e de citocinas por linfócitos cultivados (TNF-∝, IFN-γ, IL2, IL6 e IL10) e parâmetros sanguíneos (glicemia, triacilglicerolemia e colesterolemia (colesterol total, HDL, LDL VLDL)) foram analisados antes da suplementação no grupo ST150 (BASE), antes (PRE) e após o treinamento (POS). O treinamento xvii consistiu em um conjunto de exercícios resistidos para o desenvolvimento da força muscular de membros inferiores. Nos parâmetros analisados não foram encontradas diferenças entre os grupos no PRE. O pico de torque e a taxa de desenvolvimento de torque aumentaram entre PRE e POS em todos os grupos musculares de todos os grupos experimentais. Um efeito mais pronunciado para os grupos suplementados (ST90 e ST150) foi encontrado quando comparado ao ST. A ativação muscular e o atraso eletromecânico foram modificados do PRE para o POS somente nos grupos ST90 e ST150. O desempenho no teste de levantar e sentar da cadeira nos grupos que receberam FO (ST90 e ST150) foi melhor do que do grupo ST. A suplementação de FO causou melhora dos parâmetros imunitários. Todavia, o ST não obteve mudanças sobre os parâmetros imunitários. A combinação de FO e exercícios não causou incrementos adicionais sobre os parâmetros imunitários em relação aqueles decorrentes da suplementação de FO. A combinação do exercício e FO causou redução sobre TNF-∝ no ST150 entre BASE e POS. A suplementação de FO (ST150, BASE-PRE) e sua combinação com o exercício (ST150, PRE-POS) causaram aumentos sobre as citocinas IFN-γ, IL2, IL6 e IL10. Os parâmetros sanguíneos (triacilglicerol e VLDL) foram reduzidos quando o exercício físico (ST) e FO foram ministrados isoladamente (ST90 e ST150). Não foram encontrados reduções adicionais pela combinação de FO e exercício. Foram evidenciados efeitos positivos sobre a glicemia e colesterol HDL quando FO e exercícios físicos foram combinados (ST90 e ST150). O treinamento resistido foi capazes de melhorara os parâmetros neuromusculares, os quais foram potencializados quando a suplementação de FO foi combinada com o treinamento. A melhoria do sistema neuromuscular possibilitou um aumento no desempenho dos testes funcionais. Os parâmetros imunitários apresentaram melhorias em resposta à suplementação de FO, porém o programa de treinamento isoladamente não foi capaz de causar modificações no sistema imunológico das idosas. 

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