Resumo

Objetivos: Analisar o efeito de treinamento com pesos (TP) em diferentes frequências semanais, seguido de destreinamento e retreinamento sobre a força muscular, composição corporal, perfil lipídico, metabólico e hormonal em mulheres idosas. Metodologia: Estudo longitudinal, estruturado em quatro momentos: linha de base (M1); após 12 semanas de TP (M2); após 12 semanas de destreinamento (M3); após 12 semanas de retreinamento com TP (M4). Medidas antropométricas (massa corporal e estatura), composição corporal (massa de gordura, massa livre de gordura, água corporal total [ACT] e suas frações intracelular [ACI] e extracelular [ACE]), força muscular (testes de 1-RM), ingestão energética e de macronutrientes (proteínas, gorduras e carboidratos) e bioquímica sanguínea (glicose, perfil lipídico [colesterol total, HDL-C, LDL-C, triglicerídeos], testosterona, proteína C-reativa [PCR]) foram obtidas em todos os momentos do estudo. As participantes foram aleatorizadas em dois grupos: grupo G2x = composto por idosas que executaram TP duas vezes por semana (Terças e Quintas-feiras) e grupo G3x = composto por idosas que executaram o mesmo programa de TP três vezes por semana (Segundas, Quartas e Sextas-feiras). O programa de TP foi composto por oito exercícios, executados em única série de 10 a 15 repetições, com intervalos de 1 a 2 min entre os exercícios. O mesmo protocolo de TP foi executado em ambas as etapas (treinamento e retreinamento). Resultados: Doze semanas de TP resultaram em aumentos significantes (P < 0,05) da força muscular de membros superiores (G3x = +31% vs. G2x = +17%) e inferiores (G3x = +16% vs. G2x = +18%); melhoria da qualidade muscular (G3x = +24% vs. G2x = +17%); ganhos de massa livre de gordura (G3x = +1,2% vs. G2x = +0,9%), redução da gordura corporal relativa (G3x = -2,4% vs. G2x = -2,4%), da glicose (G3x = -8% vs. G2x = -6%), do colesterol total (G3x = -11% vs. G2x = -9%), da LDL-C (G3x = -13% vs. G2x = -9%), PCR (G3x = -20% vs. G2x = -33%), sem modificações nos níveis de testosterona e hidratação (ACT, ACE, ACI) (P > 0,05). Por outro lado, 12 semanas de destreinamento não foram suficientes para eliminar a maioria dos efeitos provocados pelo TP, embora as seguintes modificações tenham sido observadas: redução na massa livre de gordura (G3x = -1,4% vs. G2x = -2,2%); aumento da gordura corporal relativa (G3x = +3% vs. G2x = +2%); redução da ACT (G3x = -5% vs. G2x = -8%), ACE (G3x = -2% vs. G2x = -8%) e ACI (G3x = -7% vs. G2x = -8%); redução da força muscular (G3x = -10% vs. G2x = -12%); aumento da glicose (G3x = +10% vs. G2x = +6%), dos triglicerídeos (G3x = +40% vs. G2x = +20%) e da LDL-C (G3x = +31% vs. G2x = +10%). A testosterona diminuiu (G3x = -33% vs. G2x = -21%). PCR, HDL-C e colesterol total não sofreram alterações com o destreinamento. Com o retreinamento as modificações encontradas foram as seguintes: aumento da massa livre de gordura (G3x = +1,2% vs. G2x = +2%); incremento da força muscular de membros superiores (G3x = +7% vs. G2x = +7%) e inferiores (G3x = +11% vs. G2x = +9%); melhoria da qualidade muscular (G3x = +5% vs. G2x = +11%); redução da gordura corporal relativa (G3x = -2.2 vs. G2x = -2.8%), da glicose (G3x = -2% vs. G2x = -6%), da LDL-C (G3x = -13% vs. G2x = -15%) e dos triglicerídeos (G3x = -24% vs. G2x = -17%). A testosterona aumentou em ambos os grupos (G3x = +14% vs. G2x = +8%). A hidratação não sofreu alterações. Conclusões: a) O TP com uma maior frequência semanal (3x vs. 2x por semana) promove maiores aumentos na força muscular de membros superiores. Uma frequência de 2-3 sessões semanais ao TP proporciona modificações positivas e similares na composição corporal e no perfil lipídico, metabólico e hormonal de idosas; b) 12 semanas de destreinamento provoca perda de parte das adaptações promovidas pela prática do TP por igual período, embora uma maior retenção dos ganhos tenha sido mais evidenciada na força muscular; c) Um período de 12 semanas de retreinamento reestabeleceu a maioria das modificações causadas pelo destreinamento, embora a magnitude das modificações sejam inferiores as alcançadas nas primeiras 12 semanas de TP, o que pode ser explicado em parte pelos diferentes níveis de treinabilidade das participantes na primeira etapa da intervenção quando eram não treinadas e na segunda etapa quando eram destreinadas. Enquanto mensagem prática, os resultados deste estudo demonstram a efetividade do TP para mulheres idosas e, sobretudo, a importância da manutenção da prática para a preservação das adaptações positivas acarretadas pelo treinamento. Adicionalmente, embora uma frequência maior ao TP produza maiores benefícios para algumas variáveis, no contexto geral uma frequência de duas sessões semanais parece ser suficiente para melhorar indicadores de saúde em mulheres idosas.

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