Resumo

O lance livre (LL) responde por cerca de 20% dos pontos nos jogos de basquetebol, o que pode ser um fator determinante da vitória ou derrota em jogos equilibrados. Além disso, as partidas são jogadas sob uma constante alternância de intensidade, gerando demandas físicas e fisiológicas bastante variadas. Não é claro, todavia, em que medida o desempenho nos LL pode ser comprometido por essas oscilações de intensidade dos esforços prévios. Desse modo, o objetivo foi verificar se a intensidade do esforço prévio altera o desempenho na cobrança de lances livres no basquetebol. Participaram do estudo 28 atletas amadores de basquetebol masculino (19±4 anos de idade, 76±8 kg, 182±8 cm de estatura, e mais de cinco anos de experiência na modalidade), que compareceram ao local da coleta dos dados em três dias não consecutivos e separados por 24 a 48h. O primeiro dia foi destinado às explicações acerca do estudo e determinação da FCMáx através de um teste progressivo máximo em esteira rolante. Em outros dois dias, com ordem definida por sorteio, os atletas realizaram exercícios físico-técnicos relacionados às ações motoras características da modalidade e que fossem intensos o suficiente para elevar a FC até os valores préestabelecidos (65% e 90%). Após atingirem os valores adequados de FC, os atletas se deslocaram para a área de cobrança de LL e aguardaram autorização para arremessar dois LL. O tempo de intervalo compreendido entre os exercícios prévios e a cobrança dos LL foi determinado em 25 s, com base na duração típica observada entre a marcação da falta e a cobrança do primeiro LL em uma partida oficial. Esse processo foi repetido outras quatro vezes (totalizando 10 LL), respeitando-se um breve intervalo (30 a 60 s) no dia a 90% da FCMáx para recuperação da FC. Além do aproveitamento dos LL (teste-t emparelhado), analisou-se também a queda da FC durante o intervalo em valores absolutos e relativos, a estabilidade da FC no início de cada série de LL (ANOVA e coeficiente de correlação intraclasse – ICC), a razão de chance (odds ratio) de um desempenho pior aos 90% da FCMáx, o tamanho do efeito e a inferência baseada na magnitude. O nível de significância foi estipulado em 5%. A queda da FC após o intervalo compreendido foi em média 16±8 e 14±5 bpm (12%±7% e 8%±3%, respectivamente). A FC registrada no ato da cobrança dos LL apresentou estabilidade satisfatória (ICC > 0,84; p >0,05 para todas as ANOVAS). Não houve diferença estatística no aproveitamento dos arremessos a 65% e a 90% da FCMáx (54% ± 23% vs 51% ± 16%, respectivamente; p > 0,05). O desempenho a 90% da FCMáx apresentou tamanho do efeito pequeno, embora a inferência baseada na magnitude tenha considerado como provavelmente prejudicial, e com OR = 0,75. Conclui-se que LL cobrados após esforços de intensidade vigorosa tendem a ter desempenho prejudicado.

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