Resumo

Introdução: Produzida exclusivamente em período noturno e na escuridão, a melatonina apresenta papel fundamental na sincronização dos ritmos circadianos com o ciclo claro-escuro do meio ambiente. A exposição à luz suprime a síntese e secreção de melatonina pela glândula pineal, podendo prejudicar a ação da insulina na captação de glicose. A resistência à insulina, principal característica da diabetes tipo 2, pode ser atenuada pela prática regular de exercícios físicos. Objetivo: o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do exercício resistido sobre a sensibilidade à insulina e manutenção da musculatura esquelética em ratos pinealectomizados. Métodos: Para tanto, 40 ratos Wistar machos foram distribuídos, aleatoriamente, em 4 grupos: 1) controle (CNS); 2) exercitado (CNEX); 3) pinealectomizado (PNX) e 4) pinealectomizado exercitado (PNXEX). O treinamento resistido foi realizado em escada, durante 8 semanas, 3 sessões semanais (em dias não consecutivos), 9 repetições por sessão e intervalo de tempo de 2 minutos entre as repetições. A intensidade utilizada foi 60% de 1 repetição máxima (1RM), intensidade esta recomendada para indivíduos diabéticos. O teste de força máxima foi realizado a cada 2 semanas. Após o período de treinamento, os animais foram sacrificados amostras de plasma coletadas para quantificação da glicemia pelo método de glicose-oxidase e insulinemia pelo método de ELISA. A partir destes valores, a resistência à insulina foi mensurada pelo índice HOMA-IR. O cálculo da área de secção transversa do extensor digitorum longus (EDL) foi realizado a partir da análise histológica utilizando o software IMAGEJ. Também foram avaliadas a expressão gênica e quantificação de proteínas presentes nas vias de manutenção do músculo esquelético: atrogin-1, MuRF1, IGF-1, Akt1, miostatina e SMAD2/3. As análises estatísticas foram realizadas por análise de variância com 2 fatores - ANOVA two way, seguida pelo teste de Bonferroni ao nível de significância de 5%. A pinealectomia promoveu, em animais não exercitados (PNX), aumento na glicemia, insulinemia e HOMA-IR. A prática de exercícios resistidos em animais pinealectomizados (PNXEX) reverteu essas alterações, atuando na prevenção da resistência à insulina. Nessas mesmas avaliações, o grupo PNXEX apresentou resultados similares em relação ao CNS e CNEX. A supressão na produção de melatonina pela glândula pineal também promoveu atrofia muscular esquelética nos grupos PNX e PNXEX. A prática de exercícios resistidos, realizada pelo período de tempo, frequência e intensidade selecionados, não foi suficiente para promover hipertrofia muscular no grupo CNEX ou prevenir a atrofia muscular no grupo PNXEX. Os grupos PNX e PNXEX apresentaram aumento da expressão gênica de miostatina e conteúdo proteico de SMAD2/3 em relação aos grupos CNS e CNEX. Não houve diferença na expressão gênica e conteúdo das demais proteínas analisadas entre os grupos estudados. Resultados: os resultados sugerem que a atrofia muscular esquelética observada nos grupos PNX e PNXEX está relacionada ao aumento na ativação da via da miostatina. Embora não tenha sido observado melhora nos parâmetros relacionados à morfologia do músculo esquelético, o presente estudo demonstrou que a prática regular de exercícios resistidos, (a 60% de 1 RM), preveniu a resistência à insulina em animais pinealectomizados. Conclusão: A partir desses resultados podemos aventar que o exercício físico em trabalhadores noturnos pode melhorar a sensibilidade à insulina.

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