Resumo

A realização do exercício excêntrico tem sido recomendada para aprimorar a aptidão neuromuscular, sobretudo de pessoas com fragilidades para a elevação da pressão arterial, como é o caso dos hipertensos, diabéticos, idosos, cardiopatas, entre outros. Porém, a ação muscular excêntrica pode suportar uma intensidade absoluta mais acentuada em cerca de 45%, e isso pode promover riscos a algumas populações específicas. A partir disso, o objetivo do presente estudo foi analisar o efeito da ação muscular concêntrica e excêntrica nas respostas cardiovasculares durante exercício em dinamômetro isocinético. Foram selecionados 13 homens jovens (18 a 35 anos), normotensos, não praticante de exercício físico com regularidade igual ou superior a dois dias por semana, nos seis meses precedentes ao estudo, não usuários de medicamentos, sem limitação para a pratica do exercício físico de extensão dos joelhos, não tabagista, não obesos e com baixo risco cardiovascular para a pratica do exercício físico. Após a familiarização ao exercício no dinamômetro isocinético, os voluntários se submeteram a dois testes para avaliar o Pico de Torque Máximo Concêntrico (PTC) e Excêntrico (PTE), realizados por meio da exposição a três séries de três repetições máximas numa velocidade angular de 60º/s com intervalo de cinco minutos entre as séries. Em seguida, se submeteram a cinco sessões experimentais de maneira aleatória, a saber: sessão controle (CO); sessão convencional com exercícios concêntrico e excêntrico a 60% do PTC (CONV); sessão concêntrica a 60% do PTC (CC); sessão excêntrica a 60% do PTC (EC); e sessão excêntrica a 60% do PTE (EE); Antes por 10 min e durante a realização das intervenções as variáveis hemodinâmicas foram monitoradas continuamente por meio da técnica fotoplestimográfica. Os resultados demonstraram que para a pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) e para a frequência cardíaca (FC) a sessão CO permaneceu estável, sendo que todas as outras sessões demonstraram elevações em relação a ela (p < 0,05). Para a PAS a sessão CONV foi superior as demais sessão, chegando a valores de 216 ± 18 mmHg na terceira série. A sessão EE teve maiores valores de PAS que as sessões CC e EC nas três séries, e ainda a sessão EC foi maior que a sessão CC na terceira série (EC = 172 ± 12 vs. 159 ± 16 mmHg; p < 0,05). Para a PAD a sessão CONV apresentou maiores valores que todas as sessões na segunda e terceira série, e só não foi maior que a EE na primeira série, sendo que a sessão CONV chegou a valores de 143 ± 11 mmHg na terceira série. A sessão EE foi maior que as sessões CC e EC, que se apresentaram semelhantes ao longo das séries. A FC foi mais acentuada na sessão CONV, comparada às outras sessões, e ainda a sessão EE foi maior que a sessão CC em todas as séries e que a sessão EC na terceira série. Para a FC destaca-se que as sessões EC e CC foram semelhantes. Com base nisso concluímos que a exposição aguda ao exercício realizado com o auxílio do dinamômetro isocinético e com o emprego de resistência isoinercial em adultos jovens e saudáveis desencadeia respostas cardiovasculares mais exacerbadas durante a ação muscular excêntrica do que na ação concêntrica, sobretudo numa maior intensidade.

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