Resumo

As quedas são consideradas um problema de saúde pública e são mais frequentes em mulheres idosas e pré-frágeis. O exercício físico é utilizado para melhorar os fatores relacionados a quedas, como função muscular dos membros inferiores e funcionalidade. Uma alternativa aos programas convencionais de exercício para esta população, é o treinamento com jogos virtuais. No entanto, este tipo de treinamento nem sempre é efetivo na melhora dos fatores relacionados a quedas. Contudo, o aumento da intensidade de treinamento talvez possa otimizar os ganhos na função muscular e na funcionalidade, uma vez que maiores intensidades geram maiores adaptações musculares, independente da idade e do tipo de treinamento. Portanto, o objetivo do estudo foi comparar o efeito de diferentes quantidades de trabalho, pela manipulação da intensidade, no treinamento com jogos virtuais em fatores de risco de quedas em idosas pré-frágeis. Vinte idosas foram randomizadas em 2 grupos, um grupo realizou o treinamento com jogos virtuais em intensidade moderada (GM; n = 11) e o outro grupo realizou o treinamento com jogos virtuais "Your Shape" em intensidade vigorosa (GV; n = 9). Os treinamentos foram realizados em grupos, durante 12 semanas, com 3 sessões semanais com duração de 40 minutos cada sessão. A progressão do treinamento foi realizada pela manipulação do número de séries e repetições dos exercícios para ambos os grupos. No GV, a progressão também foi realizada pelo aumento de sobrecarga externa com o uso de um colete de pesos. A intensidade foi controlada pela percepção de esforço (PE), usando a escala de Borg de 6 a 20 (GM: 11 a 13 PE; GV: 14 a 16 PE). As participantes realizaram os testes funcionais de sentar e levantar 5 vezes, Timed-Up and Go Test (TUG) e caminhada de 10 metros, e os testes de função muscular por um dinamômetro isocinético a 60°/s e 180°s, onde foram mensurados o pico de torque concêntrico, a potência média e o trabalho dos extensores e flexores de joelho e tornozelo. Após o período de treinamento, os grupos realizaram as avaliações pós-testes. O GM melhorou a potência média a 60°/s do pré para o pós-treinamento (p<0,002) dos extensores de joelho (15%), flexores de joelho (30%) e plantiflexores (86%), sem melhora deste parâmetro para o GV. O GM apresentou maior potência média no pós-treinamento comparado ao GV para os músculos extensores do joelho (20%) e flexores de joelho (23%) (p<0,039). Houve efeito principal do tempo para o pico de torque a 180°/s para extensores do joelho (GM: 8%; GV: 6%), flexores de joelho (GM: 22%; GV: 1%) e plantiflexores (GM: 43%; GV: 7%), bem como potência média (GM: 20%; GV: 9%) e trabalho (GM: 16%; GV: 13%) nos músculos flexores do joelho (p<0,046). Apenas o GM melhorou o desempenho no TUG do instante pré (10,0 ± 0,32 s) para o pós-treinamento (8,1 ± 1,6 s; p = 0,001), enquanto ambos os grupos melhoraram o desempenho no teste de 10m de caminhada (GM: 8,5%; GV: 17,6%; p<0,003). O treinamento com o jogo virtual "Your Shape" leva a melhora da função muscular e funcionalidade em idosas pré-frágeis, tanto em intensidade moderada quanto em intensidade vigorosa. Portanto, a progressão da intensidade do treinamento com o jogo virtual Your Shape deve ser realizada pelo aumento de séries e repetições em intensidade moderada, sem a adição de sobrecarga externa, uma vez que o aumento do trabalho total, pela manipulação da intensidade com o uso de colete com pesos, neste jogo virtual não traz maiores benefícios nos fatores de risco de quedas em idosas pré-frágeis.

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