Resumo

31/08/2020
A Lesão Medular (LM) é uma condição médica séria que causa distúrbios funcionais, psicológicos e socioeconômicos à pessoa acometida por ela. Portanto, indivíduos com LM experimentam deficiências significativas em vários aspectos de suas vidas. E o Treinamento Resistido (TR) tem sido utilizado como instrumento para melhorar indicadores funcionais, cardiorrespiratórios, psicológicos e de Qualidade de Vida (QV) desses pacientes. Contudo, muitos trabalhos relatados pela literatura científica ocorreram na fase de reabilitação, ou na fase aguda, da lesão, em que os indivíduos ainda estão nos hospitais. Assim, o uso do TR na fase crônica e de livre escolha da pessoa com LM ainda é pouco comum. A partir dessa dificuldade de dialogar com a literatura científica dúvidas e lacunas do conhecimento, esta tese objetivou avaliar o efeito de diferentes programas de treinamento resistido sobre a saúde física e mental e a qualidade de vida de pessoas com LM. Para a efetivação desse objetivo, foram realizados quatro estudos com os seguintes focos: (1) Realizar uma revisão da literatura sobre os efeitos do TR na saúde física e mental e na QV das pessoas com LM, para verificar a produção na área de treinamento resistido e de LM, bem como dar suporte científico ao planejamento e execução das ações metodológicas subsequentes; (2) Analisar os efeitos do treinamento funcional sobre indicadores de força muscular, capacidade funcional e QV de pessoas com LM; (3) Determinar os efeitos do TR em circuito sobre a composição corporal, força muscular, potência anaeróbica e capacidade funcional de pessoas com LM; e (4) Estabelecer o efeito de um programa de TR sobre indicadores de saúde geral, estado funcional e mental e QV de pessoas com LM. A amostra foi composta por cinco indivíduos com LM de ambos os sexos, com média de idade de 45 anos, os quais foram acompanhados por dois anos e submetidos a distintos programas de treinamento. Cada protocolo de treinamento foi realizado por 12 semanas e composto por duas sessões semanais. Foram analisadas, antes e depois de 12 semanas de treinamento, a composição corporal, a potência anaeróbica, a potência muscular, a funcionalidade, a força muscular, a qualidade de vida e a sintomatologia do estado mental dos indivíduos com LM. Os resultados de TF apontaram melhora da potência anaeróbica máxima (p = 0,043), máxima relativa (p = 0,043), média (p = 0,042) e média relativa (p = 0,043) e aumento da funcionalidade (p = 0,043) e da QV geral (p = 0,043). Os resultados de TRC indicaram melhora da força muscular (p = 0,028), aumento da agilidade (p = 0,028), manutenção da massa magra, conteúdo mineral ósseo e índice de perda óssea ao logo da vida (T-score). E os resultados de TR apontaram aumento da carga de treinamento, do CMO total (p = 0,043), da potência muscular a 80% de 1 RM (p = 0,043) e do estado funcional (potência anaeróbica e força explosiva dos músculos da cintura escapular), do estado mental e, por fim, melhora da QV. Assim, é possível concluir que o TR é alternativa para a melhora e manutenção da composição corporal, do desenvolvimento da potência muscular, da potência anaeróbica e da força explosiva de membros superiores, o que impactará na capacidade funcional e promoverá maior autonomia e, consequentemente, melhor reflexo na melhoria dos aspectos mentais e da QV da pessoa com LM.


 

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