Resumo

A imobilização articular é um procedimento terapêutico comum na prática clínica e suas implicações musculoesqueléticas, como a hipotrofia muscular, é conhecida. O exercício físico regular atua de forma sistêmica nos indivíduos, sendo que, características mecânicas e estruturais do músculo esquelético são preservadas em longo prazo após período de treinamento físico. O objetivo do estudo foi verificar a eficácia do exercício de natação previamente à imobilização no processo de recuperação morfológica dos músculos gastrocnêmio fibras brancas e sóleo. Trinta ratas da linhagem Wistar, com oito meses de idade, foram divididas aleatoriamente em seis grupos experimentais: sedentárias (S), mantidas nas gaiolas; sedentárias imobilizadas (SI), mantidas na gaiola por quatro meses e posteriormente imobilizadas por cinco dias; sedentárias imobilizadas/recuperadas (SIR), mantidas nas gaiolas por quatro meses, imobilizadas por cinco dias e recuperadas através da natação; treinadas (T), submetidas ao exercício de natação (treinamento aeróbico) por um período de quatro meses; treinadas imobilizadas (TI), após quatro meses de treinamento foram imobilizadas por cinco dias; e treinadas imobilizadas/recuperadas (TIR), após quatro meses de treinamento, foram imobilizadas por cinco dias e recuperadas através da natação. O treinamento prévio foi realizado três vezes por semana, com duração de 60 minutos, sem incremento de carga. Para a remobilização o treinamento foi realizado cinco vezes por semana, durante 14 dias. A análise da recuperação muscular foi realizada pela Microscopia de Luz e Immunoblotting. Os testes ANOVA One-Way seguido de Tukey e Test T de Student foram utilizados aos dados paramétricos, o teste Kruskal-Wallis e Wilcoxon aos dados não paramétricos. Para o tamanho do efeito foi utilizado o g de Hedges. A massa corporal foi menor nos grupos remobilizados; o peso dos músculos diferiu estatisticamente apenas no sóleo, entre S e T. O grupo T apresentou maior consumo de ração. A análise histológica demonstrou que no músculo gastrocnêmio branco (GB) a porcentagem de tecido conjuntivo (TC) foi significativamente maior para o grupo TIR quando comparado ao SIR; houve redução significativamente estatística na área de secção transversa (AST) no grupo SI e TI, sem recuperação após remobilização. No músculo sóleo (SOL) houve aumento na porcentagem de TC no grupo TI e TIR quando comparado ao T; o valor de TIR foi maior que SIR; não foram observadas alterações na AST no grupo TI quando comparado ao T, e o grupo TIR apresentou AST maior que SIR. Na análise molecular o conteúdo de TGF-β1 dos grupos no músculo GB foi maior em S; no músculo SOL, maior nos grupos SI e TIR. A quantificação do glicogênio muscular não demonstrou alterações para o músculo GB e no SOL observou-se aumento em TI e TIR comparado ao T, e em TIR quando comparado ao SIR. A medida de Hedges’ g apresentou efeito moderado e grande destacando o efeito do treinamento. As respostas ao treinamento prévio foram mais evidentes no sóleo, mostrando-se eficaz na prevenção da hipotrofia nas fibras tipo I em ratas adultas, O conteúdo de TGF-β1 e glicogênio muscular indicam a capacidade adaptativa do músculo esquelético no treinamento proposto.

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