Resumo

O treinamento de força pode gerar adaptações neurais que modifiquem a coordenação entre grupos musculares envolvidos em uma tarefa, sendo estas adaptações dependentes do exercício e carga de treinamento utilizadas. O tempo sob tensão (TST) influencia nas respostas neuromusculares e pode ser configurado pela manipulação das variáveis duração da repetição e o número de repetições. Protocolos equiparados pelo TST, porém configurados diferentemente a partir destas variáveis, podem apresentar respostas neuromusculares distintas. A coordenação intermuscular pode ser investigada através da análise da amplitude do sinal eletromiográfico (amplitude EMG), da cross-correlation e da razão de ativação. A cross-correlation é utilizada para comparar a similaridade do padrão de ativação de diferentes músculos. Já a razão de ativação é obtida a partir da divisão matemática da amplitude EMG entre dois músculos, estimando acerca da contribuição relativa de cada músculo em determinada tarefa. Portanto o objetivo do estudo foi comparar o efeito de dez semanas de treinamento, utilizando-se de protocolos, equiparados pelo TST, porém, configurados com diferentes durações e número de repetições, na coordenação entre o peitoral maior (PM) e tríceps braquial (TB) no exercício supino. 24 voluntários homens destreinados foram divididos em dois grupos e realizaram diferentes protocolos de treinamento. Na 2ª e 13ª semanas foram feitos testes de força e realizado o registro da atividade eletromiográfica. Para analise da amplitude EMG foi realizada uma ANOVA three-way com medidas repetidas (Tempo x Protocolo x músculo). Para análise da razão de ativação PM/TB e cross-correlation foram utilizadas uma ANOVA two-way com medidas repetidas (Tempo x Protocolo). Para comparar a alteração relativa do desempenho de resistência de força foi utilizada uma ANOVA one-way (protocolo). Quando verificado um valor de p significativo, foi utilizado o post hoc LSD para identificação das diferenças. O nível de significância adotado para todas as medidas foi de 0,05. Como resultado, ambos os grupos aumentaram a amplitude EMG no pós-teste, porém sem diferença entre eles. Adicionalmente, o TB apresentou maior ativação do que o PM no pós-teste para ambos os protocolos. A razão de ativação PM/TB diminuiu significativamente no pós-teste para ambos os protocolos, mas sem diferença entre eles. Por fim, o desempenho de resistência de força aumentou significativamente para ambos os protocolos, porém sem diferença entre eles.

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