Resumo

Muitos estudos têm avaliado os efeitos dos diferentes tipos de treinamento com exercícios físicos nos fatores de risco de doenças cardiovasculares (DCV) em indivíduos com excesso de peso ou eutróficos, com melhoras mais acentuadas decorrentes do treinamento aeróbico. Entretanto, poucos ensaios clínicos aleatorizados compararam os efeitos dos treinamentos aeróbico, de força muscular e combinado nos fatores de risco de DCV em indivíduos não obesos. O objetivo do estudo foi comparar o efeito dos treinamentos aeróbico, de força na musculação e combinado sobre o IMC, colesterol total (CT), HDL-colesterol e LDL-colesterol em homens sedentários, eutróficos ou com sobrepeso. Após aprovação pelo COEPUFMG (parecer 264.755), o termo de consentimento livre e esclarecido foi assinado. Trinta e sete homens com idade entre 30 e 57 anos, aparentemente saudáveis, sedentários e com IMC abaixo de 30 kg/m2 foram incluídos no estudo. Os critérios de exclusão adotados foram: não participar de alguma das avaliações e frequência aos treinamentos inferior a 75% do total das sessões. As avaliações pré e pós-treinamento incluíram análise do colesterol total, HDL- colesterol e LDL-colesterol; medidas de pressão arterial, circunferência abdominal, massa corporal, estatura e IMC; avaliação da aptidão aeróbica (Teste Submáximo de Astrand - Cicloergômetro) e da força muscular pelo teste de 4 a 6 repetições máximas (RM) para estimar 1RM relativa a massa corporal para supino reto (1RMSR) e extensão de joelhos (1RMEJ). Os voluntários foram alocados aleatoriamente para os grupos controle (GC), aeróbico (GA), de força (GF) e combinado força-aeróbico (FA) e submetidos a 3 sessões de treinamento por semana, durante 12 semanas. As sessões tinham duração aproximada de 50 minutos e o grupo FA realizou, em cada sessão de treinamento, a metade da sessão realizada por cada um dos outros dois grupos, totalizando também cerca de 50 minutos por sessão. Os resultados pré e pós-treinamento foram avaliados pelo teste t de student dentro dos grupos e entre os grupos pela ANOVA one-way (post hoc de Tukey). Utilizou-se o programa SPSS 17.0 e o nível de significância adotado foi p<0,05. Apenas o GA apresentou melhora no IMC (25,74 ± 2,6 Kg/m2 vs 25,09 ± 2,34 Kg/m2 ; p=0,02) e no HDL-colesterol (46,3 ± 7,4mg/dL vs 49,8 ± 8,1mg/dL; p=0,035). O GA obteve aumentos significativos também no 1RMEJ e no VO2 max. O GF apresentou aumento significativo somente nas variáveis 1RMEJ e 1RMSR. O GFA resultou em aumentos significativos nas variáveis de aptidão física VO2 max, 1RMEJ e 1RMSR. O GC não apresentou alterações significativas em nenhuma variável. Os resultados sugerem que o exercício aeróbico é o mais eficiente para melhora do perfil lipídico e redução da massa corporal. No entanto, as três modalidades estudadas foram eficientes na melhora de componentes da aptidão física relacionada à saúde, podendo exercer seus efeitos indiretamente nos fatores de risco de DCV.

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