Resumo

O presente estudo teve por objetivo observar o comportamento da glicemia sob o efeito crônico do exercício físico por um período longo de tempo, em indivíduos diabéticos tipo 2 não insulino-dependentes (n=15), tipo 2 tratados com insulina (n=02) e tipo 1 insulino-dependentes (n=OI). Este estudo caracterizou-se como quase-experimental com análise serial de tempo. A amostra foi composta por 18 diabéticos (07 homens e 11 mulheres), com média de idade de 55 anos, e média de diagnóstico do diabetes de 9 anos. O programa de exercício físico foi desenvolvido no período de abril a dezembro de 1997, na parte da manhã, três vezes por semana, com duração de 50 minutos cada sessão, utilizando 50 a 60 % da FC máx. Formou-se um grupo de nove meses e um grupo de três meses de programa, todos diabéticos tipo 2 não insulino-dependentes. O diabético tipo 2 tratado com insulina permaneceu 9 meses no programa, a diabética tipo 2 tratada com insulina e o diabético tipo 1 insulino-dependente permaneceram 6 meses no programa; esses foram analisados separadamente. Realizaram-se exercícios de alongamento, dança aeróbia de baixo impacto, caminhadas supervisionadas, ginástica localizada, jogos recreativos, atividades de equilíbrio, flexibilidade, relaxamento e trabalho de consciência corporal. A coleta de dados consistiu de ficha de identificação, ficha controle, teste de glicemia capilar antes e após cada sessão de exercício, teste de hemoglobina glicosilada (realizado em maio e agosto no grupo de nove meses), questionário sobre os parâmetros psicológicos e sociais e um questionário de freqüência de alimentos. Houve uma redução na hemoglobina glicosilada. Apenas dois diabéticos apresentaram redução da massa corporal. O questionário sobre os parâmetros psicológicos e sociais mostrou que 63% dos diabéticos não tinham acompanhamento com médicos especialistas antes de entrarem no programa e que 21% iniciaram este acompanhamento após o ingresso. A dieta e o uso da medicação, durante o programa, melhoraram em 47%. Houve melhora significativa em relação ao sono, depressão, disposição para o trabalho, sensação de bem estar, relacionamento social e autoestima. Com relação à freqüência dos alimentos, a maioria dos diabéticos recebeu orientação nutricional, não seguindo, porém a dieta calculada. Para os dados amostrais não se verificou uma queda significativa da glicemia que permitisse induzir a existência de um efeito crônico do exercício físico sobre a glicemia após nove meses de exercícios físicos, apesar de que no grupo de 3 meses três sujeitos apresentaram uma queda significativa. Porém, ocorreu uma diminuição aguda sistemática da glicemia em todos os sujeitos. A prescrição de exercício físico para o diabético deve estar fundamentada na freqüência, ou seja, os diabéticos tipo 1 e tipo 2 parecem necessitar de exercício físico todos os dias, para facilitar o controle diário do diabetes. A freqüência cardíaca e a pressão arterial dos sujeitos desta amostra não apresentaram alterações significativas. Por meio das respostas do questionário sobre os parâmetros psico-sociais, percebeu-se que a prática de exercícios físicos influenciou positivamente na melhora da qualidade de vida dos diabéticos desta amostra.

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