Resumo

O fenômeno conhecido como efeito do exercício repetido após sessões de exercício excêntrico tem sido alvo de investigações atuais, podendo proteger a musculatura afetada pelo dano muscular (DM) em futuras sessões de exercício com mesmas características. Entretanto, os efeitos da corrida de longa duração sobre a EC ainda são aparentemente contraditórios e precisam ser melhor esclarecidos, como os efeitos do DM sobre os indicadores da aptidão aeróbia. Objetivo: O objetivo do estudo foi analisar a influência de uma sessão de corrida em declive nos indicadores consumo de oxigênio (VO2), ventilação pulmonar (VE) e quociente respiratório (R) ao longo dos tempos (pré, pós e 48h após corrida de longa duração) para verificar a existência do efeito protetor do exercício nesse modelo experimental. Metodologia: O estudo foi conduzido por 6 semanas com 30 voluntários distribuídos randomicamente em grupos experimental (n=15; 22,7 anos; 72,8 kg e 173,2 metros) e controle (n=15; 24,6 anos; 74,8 kg e 175,5 metros). Na semana 1 foi realizada a familiarização no cicloergômetro (declive) e no dinamômetro isocinético e testes para a determinação do LL e do VO2max. Na semana 2 foi determinado o indicador do DM e a EC, antes, logo após e 48 horas após a realização da 1ª corrida de 1 hora (C1). Na semana 3, os voluntários do grupo experimental realizaram uma corrida em declive (30 min / - 15%) para indução do DM. Na semana 6 (14 dias após o declive para o grupo experimental e 21 dias após a C1 para o grupo controle) foram repetidos os procedimentos da semana 2 destacando a 2ª corrida de 1 hora (C2). Foram consideradas diferenças significantes os valores de F superiores ao critério de significância estatística estabelecido (p<0,05) processadas com uso do SPSS 21.0. Resultados: A ANOVA-F para medidas repetidas mostrou que há diferença para a reposta do O2 segundo o tipo de corrida independente do tempo e do grupo, mostrando valores da C2 menores quando comparados com a C1 (F= 5,5 p=0,03). Para a VE há diferença nos tempos independente da corrida e grupo, apresentando ganho imediatamente após a corrida (F= 22,6 p<0,01) e queda após 48h (F= 25,2 p<0,01). Os valores de VE obtidos logo após a corrida foram significantemente diferentes dos obtidos na condição pré e 48h após a corrida. Para o R há interação entre corrida e grupo (F= 6,0 p=0,02) e entre corrida e tempo (F= 5,7 p=0,02) Conclusão: Em nosso modelo experimental não foi encontrada efeito do tempo na EC. São poucos os trabalhos que tenham utilizado condições experimentais próximas a do presente estudo, em especial, quando se trata da determinação da EC após a corrida de longa duração (C1 e C2). Foi verificado em nosso estudo efeito significante da corrida (C1 vs. C2) independente do grupo e tempo. Para o nosso conhecimento este é o primeiro estudo que demonstrou uma atenuação dos efeitos da corrida de longa duração sobre a EC.

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