Resumo

Este estudo teve como objetivo geral avaliar o efeito de um programa de treinamento físico aeróbio de intensidade moderada supervisionado na evolução do nível de atividade física (AF) habitual e qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de pacientes hipertensos e coronariopatas em seguimento ambulatorial após três meses de treinamento. Trata-se de estudo quase-experimental, que envolveu duas etapas de coleta de dados - a abordagem inicial (T0) e três meses após esta abordagem (T3). O estudo foi conduzido em ambulatório médico especializado no interior do Estado de São Paulo. A amostra foi composta por 69 pacientes com diagnóstico de doença arterial coronária (DAC) e/ou hipertensão arterial sistêmica (HAS) em acompanhamento no referido serviço, com liberação médica para realização de AF. Em T0 foram obtidos os dados relacionados à caracterização sociodemográfica e clínica dos sujeitos; bem como as medidas genérica ("The Medical Study 36-item Short Form Health Survey" - SF-36) e específica de QVRS ("MacNew Heart Disease Quality of Life Health-Related Questionnaire" - MacNew) para os pacientes coronariopatas e ("Mini Cuestionário de medida da calidad de vida em Hipertensión Arterial" - MINICHAL) para os hipertensos. Ainda em T0, foi mensurado o nível de AF habitual, por meio da aplicação da versão brasileira do Questionário de Avaliação de Atividade Física Habitual de Baecke (AFH-Baecke). Foi obtida a medida direta da aptidão cardiorrespiratória (VO2pico) por meio do teste cardiopulmonar de exercício. Sete dias após T0, os pacientes iniciaram o treinamento físico aeróbio supervisionado no referido serviço, com duração de três meses e intensidade moderada, prescrita de acordo com o teste de duplos esforços realizado em etapa prévia ao início do treinamento físico. Ao fim do período de treinamento (T3) foram novamente obtidas medidas de QVRS genérica e específica, do nível de AFH-Baecke e da aptidão cardiorrespiratória (VO2pico). Os dados foram submetidos às análises - descritiva; de comparação para avaliar as diferenças entre os tempos T0 e T3 para as medidas de capacidade física e atividade física (teste t pareado) e para as medidas de QVRS genérica e específica (teste de Wilcoxon); e de correlação parcial para verificar a existência da relação entre a medida de capacidade física e as medidas de QVRS genérica e específica. Baixos níveis de AF foram observados por meio da avaliação do escore total do AFH-Baecke em T0 e T3. No entanto, houve incremento significativo do nível de AFH após o programa de treinamento físico de três meses, verificados por meio dos domínios Exercício Físico (EF) no Lazer (EFL), Atividade de Lazer e Locomoção (ALL) e do escore total de AFH. Quanto à avaliação da capacidade física, diferenças significativas entre os tempos foram observadas, expressas por meio do VO2pico estimado, VO2pico mensurado e METpico mensurado (teste t pareado). Diferenças significativas entre os tempos T0 e T3 também foram observadas na análise da QVRS genérica, nos domínios do SF-36: Capacidade funcional, Vitalidade e Saúde Mental, sugerindo melhora após os três meses de treinamento físico. Em relação à QVRS específica para hipertensos (MINICHAL), observou-se melhora significativa no domínio Estado mental após os três meses de treinamento. A análise da QVRS específica para coronariopatas (MacNew) não evidenciou diferenças significativas entre os escores nos tempos T0 e T3. A análise do SF-36 evidenciou correlações significativas positivas de fraca a forte magnitude entre determinados domínios do SF36 e o VO2pico estimado e mensurado. Recomenda-se a realização de estudos futuros com ampliação do tamanho da amostra com vistas a corroborar os achados deste estudo piloto e de aprofundar o conhecimento sobre os benefícios da capacidade física na QVRS na afecção cardiovascular.

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