Resumo

Existem poucas informações sobre o efeito do treinamento físico (TF) nos ajustes cardiovasculares durante episódios hemorrágicos. A presente investigação foi realizada para estudar os efeitos do TF na frequência cardíaca (FC) e pressão arterial média (PAM) imediatamente após e aos cinco minutos de recuperação de episódios hemorrágicos. Foram estudados 33 ratos machos, Wistar, sendo 16 sedentários (S) e 17 treinados (T). O TF foi realizado em esteira rolante por 13 semanas. O volume de sangue foi determinado através de albumina marcada como lodo131 . A PAM e a FC foram registradas através de cânula implantada na artéria femoral, com aquisição de sinal em computador utilizando-se um programa específico (AT/CODAS) que permitiu a análise batimento-a-batimento em frequência de 120 Hz. As hemorragias foram realizadas através de 5 episódios com tempo de intervalo de 5 minutos entre cada episódio. Durante o primeiro e o segundo episódio, 0,6 ml/100 g de peso corporal de sangue foi retirado da artéria carótida, e 0,4 ml/100 g durante o terceiro, o quarto e o quinto episódios. O volume de sangue não foi diferente entre os grupos durante os episódios hemorrágicos. A PAM foi semelhante entre os grupos durante os episódios hemorrágicos (C = 113 ±2, H1 = 112 ±3, H2 = 71 ± 4, H3 = 61 ± 4, H4 = 61 ± 4, H5 = 66 ± 4 e C = 115 ± 2, H1 = 114 ± 3, H2 = 75 ± 5, H3 = 63 ± 3, H4 = 62 ± 4, H5 = 74 ± 4 mmHg nos ratos S e T, respectivamente). Os ratos S apresentaram taquicardia inicial seguida por um período de bradicardia quando a PAM caiu abaixo de 100 mmHg (C = 375 ± 5, H1 = 378 ± 7, H2 = 317 ± 14, H3= 277 ± 17, H4 = 278 ± 11, H5 = 296 ± 8 bpm). Ao contrário, os ratos T apresentaram taquicardia inicial a qual foi mantida durante todos os episódios hemorrágicos (C = 333 ± 4, H1 = 390 ± 10, H2 = 357 ± 14, H3 = 327 ±6, H4 = 349 ±10, H5 = 366 ± 7 BPM). Para analisar esse efeito do TF sobre a FC, três adicionais de ratos foram submetidos ao mesmo procedimento hemorrágico após a administração de metilatropina ( 3mg, S = 9, T = 9), propranolol (4mg, S =12, T = 12) e metilatropina mais propranolol (S =11, T= 11). A diferença significante entre os grupos não foi mais observada após o bloqueio com metilatropina (C = 470 ± 16, H1 = 444 ± 14, H2 = 424 ± 14, H3 = 431 ± 19, H4 = 453 ± 15, H5 = 432 ± 20 e C = 448 ± 9; H1 = 445 ± 10, H2 = 454 ± 10, H3 = 439 ±11, H4 = 436 ± 13, H5 = 418 ±13 bpm nos ratos S e T, respectivamente). Em conclusão: O TF não teve efeito sobre a resposta a PAM durante episódios hemorrágicos. Entretanto, os ratos T tiveram uma resposta de FC significantemente maior que os ratos S durante progressivos episódios hemorrágicos progressivos, a qual pode ser explicada, principalmente, pela menor modulação da atividade nervosa vagal que controla essa FC.

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