Resumo

Muitos dos diferentes recursos propostos na pesquisa sobre a reabilitação do membro superior (MS) em pessoas com hemiparesia crônica são relevantes para os pacientes com comprometimento motor leve a moderado, pouco se sabe sobre os benefícios para pacientes com comprometimento motor grave. Além disso, pacientes graves mostram pequenas mudanças no desempenho motor para realizar tarefas unilaterais com o MS parético, mas podem se tornar mais funcionais usando o MS parético como auxiliar de tarefas funcionais bilaterais. Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito do treinamento orientado a tarefa bilateral progressivo na recuperação da função bilateral dos MMSS em pacientes graves, comparativamente à fisioterapia convencional. Caracteriza-se por ser um ensaio clínico randomizado controlado, que incluiu 16 pacientes adultos (55,3 ± 11,6 anos) com o 8 pacientes no grupo experimental (GE) (Fugl-Meyer-MS =16± 5,8) com treinamento para o MS em tarefas funcionais bilaterais com um método sistemático de progressão e 8 pacientes no grupo controle (GC) (Fugl-Meyer-MS =13± 5,0) de treinamento convencional para o MS. Ambos os grupos receberam a mesma intensidade de intervenção, de dez dias, com 60 minutos cada sessão. As avaliações foram divididas em antes de iniciar o treinamento (PRE), imediatamente após as intervenções (POS) e duas semanas após a intervenção (Seguimento). Para o desfecho principal - Teste de Função Bilateral de Membros Superiores (TEBIM) houve efeito significativo de tempo (p= 0,02) e de grupo (p< 0,01), sem apresentar interação entre tempo e grupo significativa. A comparação aos pares mostrou que o valor do POS foi maior que no PRE para resultado total do TEBIM (p=0,01). Nas sub-escalas do TEBIM as tarefas bilaterais manipulativas e as tarefas bilaterais assimétricas, apresentaram efeito significativo de tempo (p=0,05 e p=0,03 respectivamente) e grupo (p< 0,01 e p< 0,01 respectivamente). Os escores das tarefas manipulativas foram maiores no pós teste comparativamente ao pré teste (p=0,05) e maiores no GE em relação ao controle (p=0,02). Nas tarefas assimétricas os escores do GE foram maiores que os do GC tanto no pós teste como no seguimento (respectivamente p=0,02 e p= 0,003). Para as tarefas bilaterais simétricas não houve efeito significativo de tempo ou de grupo. Nas medidas de resultados secundário Motor Activity Log (MAL) houve diferença estatisticamente significativa de tempo (p<0,01) para a quantidade de uso, com as médias no POS e Seguimento maiores que no PRE (ambos p<0,01); O Fugl-Meyer-MS não apresentou efeito significativo de tempo ou grupo. Conclui-se que o paciente com hemiparesia crônica de comprometimento motor grave para o MS pode se beneficiar com o treinamento orientado a tarefa bilateral para os MMSS, seguindo parâmetros de progressão nas tarefas, para o ganho da função bilateral comparativamente a fisioterapia convencional.