Resumo

Aproximadamente 70% dos pacientes com câncer desenvolvem a síndrome da caquexia, a qual é caracterizada por acentuada perda de massa corporal e é responsável por 22% das mortes ocorridas por câncer. Esta síndrome é acompanhada por degradação protéica acentuada e anormalidades no metabolismo de lipídeos e carboidratos. O exercício físico tem sido investigado como forma de prevenção e tratamento de várias condições fisiopatológicas tais como as doenças cardiovasculares e câncer. Estudos com treinamento de força, em indivíduos com câncer, são escassos e estão sendo estudados. Este estudo objetivou investigar o efeito da associação da suplementação de 76mg/kg/dia de β-hidroxi-β-metilbutirato (HMB) e treinamento de força, sobre o crescimento tumoral e os parâmetros bioquímicos de caquexia em ratos portadores do tumor de Walker 256. Ratos machos adultos foram divididos em 8 grupos: Sedentário (S), sedentário portador de tumor (SW), sedentário suplementado com HMB (SH), sedentário portador de tumor suplementado com HMB (SHW), exercitado (EX), exercitado portador de tumor (EXW), exercitado suplementado (EXH) e exercitado portador de tumor suplementado com HMB (EXHW). O treinamento consistiu na realização de 10 séries de saltos com duração de 30 segundos em tanques com água, com intervalo de 1 minuto entre as séries, com sobrecarga equivalente a 50% da massa corporal acoplado ao tórax, com freqüência de 4 vezes por semana durante 8 semanas. No início da sexta semana de treinamento foi injetado 1mL de suspensão de células do tumor de Walker 256 (3x107 células) nos indivíduos dos grupos com tumor. A ortotanásia foi realizada 15 dias após a inoculação, seguida de coleta de sangue, fígado, músculo esquelético e tumor. Os dados estão apresentados como média ± erro padrão da média (EPM) e foram submetidos à análise de variância de duas vias, seguidos do pós-teste de Bonferroni, com nível de significância para p<0,05. Houve redução significativa do crescimento tumoral nos animais SHW, EXW e EXHW (16,8 ± 1,7g; 17,7 ± 0,2g; 15,3 ± 1,8g, respectivamente) quando comparados ao grupo SW (30,2 ± 3,6g). O grupo SW apresentou hipoglicemia (82,17 ± 3,7 mg/dL), hiperlaticidemia (2,5 ± 0,24 mmol/L), conteúdo de glicogênio hepático reduzido (87,7 ± 1,1 µmol/g) e hipertriacilglicerolemia (121,8 ± 11,8 mg/dL) caracterizando quadro de caquexia. Não houve alteração na taxa de peroxidação lipídica entre os grupos (p>0,05 vs. SW). A suplementação com HMB e o modelo de exercício de força deste estudo, isolados, apresentaram atividade anti-tumoral reduzindo a taxa de crescimento do tumor. O treinamento foi eficaz em restabelecer o conteúdo de glicogênio hepático e, somente quando associada à suplementação de HMB, foi eficaz na redução da hipertriacilglicerolemia plasmática. Em suma, nossos dados sugerem que a associação da suplementação com HMB e treinamento físico não tiveram efeitos aditivos sobre o crescimento tumoral e parâmetros de caquexia, com exceção apenas da hipertriacilglicerolemia plasmática, e aventamos a hipótese que compartilhem o mesmo mecanismo de ação. .

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