Resumo

Efeitos do estresse de contenção em parâmetros de remodelamento cardíaco de ratos treinados por natação. 67f. Dissertação (Mestrado). Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2016. Fundamentação: O estresse bem como as consequências atribuídas a ele tem aumentado no mundo sobretudo pelas alterações significativas na dinâmica social que a sociedade contemporânea vem passando ao longo das décadas. Tais alterações estão intimamente relacionadas a patogênese de inúmeras doenças, dentre elas as cardiovasculares sobretudo a hipertensão arterial. Inúmeras terapias tanto no controle do estresse como na hipertensão tem sido investigadas sendo que entre elas, o treinamento físico tem sido considerado como terapia de primeira linha no controle de ambos os distúrbios. Objetivo: A proposta desse estudo foi avaliar as alterações da associação entre estresse crônico de contenção e treinamento físico no remodelamento cardíaco de ratos. Métodos: 40 ratas Wistar livres de patógenos foram distribuídas em quatro grupos experimentais: controle (C, n: 10, animais que permaneceram em repouso por doze semanas); treinado (T, n: 10, animais que foram submetidos a doze semanas de treinamento de natação), estressado (E, n: 10, animais que permaneceram em repouso por doze semanas contudo submetidos a doze semanas de estresse crônico), estressado treinado (ET, n: 10, animais que foram submetidos a doze semanas de estresse crônico e ao treinamento de natação). O protocolo de treinamento físico consistiu por natação em piscina com água da piscina sendo constantemente agitada com auxílio de uma bomba e com temperatura entre 32-34°C. Após uma semana de adaptação, os animais se exercitaram 12 semanas, 5 dias por semana, 60 minutos/dia. Já para a indução de estresse, os animais foram contidos individualmente, em um cilindro de PVC opaco de 20 cm de comprimento e 6 cm de diâmetros, com as extremidades fechadas e furos que permitam a circulação de ar por 1h por dia, 05 dias por semana, durante 12 semanas. Após a finalização do protocolo experimental os seguintes parâmetros foram analisados: massa corporal, aptidão física, intensidade do estresse, biometria cardíaca, pressão arterial, função ventricular e contratilidade miocárdia. Resultados: xi Foi observado aumento significativo (p ‹ 0,001) após 12 semanas em todos os grupos. Contudo, não foram encontradas diferenças significantes entre as massas corpóreas entre os grupos. A aptidão física dos animais dos grupos não diferiu na fase inicial do protocolo (C: 102 ± 14, T: 96 ± 7, E: 136 ± 19, ET: 150 ± 14; seg), contudo, após 12 semanas de treinamento a aptidão física dos animais dos grupos T (309 ± 23 seg) e ET (269 ± 43 seg) embora similares, diferiram significativamente (p ‹ 0,05) entre os grupos C (85 ± 10 seg) e E (136 ± 19 seg) que não diferiram entre si. Em relação a pressão arterial sistólica, não foram observadas diferenças significativas entre os animais ao longo das semanas tanto no grupo C (1ª: 132 ± 6, 3ª: 139 ± 6, 6ª: 134 ± 8, 9ª: 140 ± 6, 12ª: 137 ± 7; mmHg) quanto no grupo T (1ª: 132 ± 6, 3ª: 139 ± 6, 6ª: 134 ± 8, 9ª: 136 ± 5, 12ª: 134 ± 4; mmHg). Contudo, a pressão arterial sistólica dos animais do grupo E (1ª: 129 ± 7, 3ª: 134 ± 6, 6ª: 155 ± 7, 9ª: 163 ± 3, 12ª: 183 ± 4; mmHg) aumentou significativamente a partir da 6ª semana em relação a primeira semana diferentemente do grupo ET (1ª: 133 ± 6, 3ª: 139 ± 6, 6ª: 134 ± 8, 9ª: 140 ± 6, 12ª: 137 ± 6; mmHg) que apresentou elevação somente na 12ª semana em relação a 1ª semana. Adicionalmente a pressão arterial do grupo ET foi superior aos grupos C e T, contudo inferior ao grupo E, demonstrando, portanto atenuação no desenvolvimento de hipertensão. Em relação a função ventricular, não foram encontradas diferenças estatísticas significantes (p> 0,05) tanto nas áreas diastólicas e sistólicas quanto nas espessuras da parede posterior na diástole e na sístole. Contudo, os valores relativos a onda E bem como a na relação EA do grupo E foram significativamente (p‹ 0,005) superiores aos grupos C, T e ET indicando restrição de enchimento ventricular no grupo E e normalização no grupo submetido ao estresse de contenção e natação (ET). Não foram encontradas diferenças significativas nos demais parâmetros (FC, A e FE). O peso das glândulas dos animais do grupo C (6,3 ± 0,4 mg) e T (6,0 ± 0,4 mg) não diferiram entre si, contudo, foram inferiores (p ‹0,05) em relação aos animais dos grupos E (8,4 ± 0,4 mg) e ET (10,0 ± 0,4 mg) que não diferiram entre si. Após a normalização pela massa corporal os grupos C (0,02 ± 0,002 mg/g) e T (0,02 ± 0,002 mg/g) continuaram semelhantes, porem o peso das glândulas do grupo E (0,03 ± 0,002 mg/g) foi inferior (p‹0,05) ao grupo ET (0,04 ± 0,002 mg/g) indicando intensificação da hipertrofia adrenal quando associado os protocolos de estresse e natação. Em relação a biometria cardíaca e xii função contrátil não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos tanto na análise absoluta quanto estrutural após as 12 semanas de intervenção. Conclusão: O conjunto de dados apresentado no presente estudo indica que a associação entre estresse de contenção e treinamento físico induz a maior intensidade de estresse, contudo promoveu atenuação da hipertensão arterial e da restrição do enchimento ventricular sem promover modificação em parâmetros da contratilidade miocárdica.

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