Resumo

A proteína MKP-3 (MAPK phosphatase-3) possui capacidade de associar-se fisicamente e desfosforilar a FoxO1 no fígado, resultando em aumento da gliconeogênese e hiperglicemia na condição de obesidade e diabetes. Por outro lado, o exercício físico é uma das estratégias não farmacológicas mais utilizadas para a melhora do perfil glicêmico em pacientes diabéticos, no entanto, suas ações no tecido hepático são pouco conhecidas. Assim, o objetivo deste trabalho foi investigar os efeitos do treinamento físico sobre a expressão proteica da MKP-3, bem como sua interação com a FoxO1 em fígado de animais obesos. Ademais, tem como objetivo avaliar o mecanismo pelo qual o exercício físico é capaz de inibir a proteína MKP-3 em tecido hepático. Foram utilizados camundongos Swiss machos que receberam por 16 semanas uma dieta padrão ou rica em gordura. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em seis grupos: controle (C), obeso sedentário (OB), obeso exercitado (EXE), obeso tratado com oligonucleotídeo antisense MKP-3 (OB-ASO), obeso tratado com sense MKP-3 (OB-sense) e obeso submetido ao treinamento físico e ao tratamento com antisense MKP-3 concomitantemente (OB-EXE-ASO). O protocolo de treinamento físico consistiu de natação com sessões de 60 minutos, 5 vezes por semana, com carga equivalente a 5% da massa corporal total do animal. O tratamento com antisense foi realizado através de injeções duas vezes ao dia, com um volume total de 2.0 μl por dose (4.0 nmol/μl) por 5 dias. Ao final do experimento foram realizados os testes de tolerância ao piruvato (TTP) e teste de tolerância à insulina (TTI). Além disso, foram avaliados parâmetros fisiológicos (ingestão calórica, massa corporal, glicemia e insulinemia de jejum) e a análise molecular das proteínas (MKP-3, FoxO1, PGC1α, HNF-4α, PEPCK, G6Pase e ERK) através das técnicas de imunoblot e imunoprecipitação. Utilizou-se a técnica de imunohistoquímica para análise da co-localização da MKP-3 no fígado dos animais. Os resultados obtidos demonstraram que o treinamento físico diminuiu expressão proteica de MKP-3 e a associação FoxO1/MKP-3 no fígado dos animais obesos. Além disso, camundongos obesos treinados apresentaram maiores níveis de FoxO1 fosforilada e diminuição da expressão das proteínas PGC-1α e HNF-4α no fígado se comparado aos animais obesos não submetidos ao treinamento físico. Verificam-se também menores níveis das enzimas gliconeogênicas PEPCK e G6Pase nos animais obesos treinados se comparado aos seus pares sedentários. Estes resultados a nível molecular foram acompanhados por alterações fisiológicas incluindo aumento da sensibilidade à insulina no fígado, menor produção hepática de glicose e redução da hiperglicemia nos camundongos obesos, independentemente da redução da massa corporal total. Ademais, não foram encontrados efeitos aditivos sobre os parâmetros fisiológicos e moleculares com o tratamento de oligonucleotídeo antisense MKP-3 e treinamento físico realizado concomitantemente nos animais obesos. Por fim, os efeitos supressivos do treinamento físico sobre a proteína MKP-3 parecem estar relacionados, no mínimo em parte, a diminuição na fosforilação das ERKs no fígado de camundongos obesos.

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