Resumo

Estudos evolvendo exercício combinado (EC), em que os exercícios aeróbio (EA) e resistido (ER) são realizados em uma mesma sessão de exercício, se restringem às investigações dos seus efeitos sobre a aptidão aeróbia, o consumo de oxigênio, o ganho de força e de resistência muscular, porém seus efeitos sobre a pressão arterial são escassos na literatura. A pressão arterial durante 24h após exercício físico pode sofrer influência do período do dia em que é realizado bem como da ordem de realização dos exercícios aeróbio e resistido dentro do EC. Os efeitos do EC geralmente são investigados em modalidades esportivas cuja resistência e força sejam importantes para o desempenho, e pouco se sabe sobre os efeitos de diferentes combinações de EC, bem como o período do dia de realização do EC em atletas lutadores de jiu-jitsu, uma modalidade que exige força e resistência. Objetivo: O objetivo do estudo foi verificar a resposta da pressão arterial de 24h frente a diferentes ordens e períodos do dia de aplicação do exercício combinado (EC) em lutadores de jiu-jitsu. Materiais e métodos: Para tanto o estudo foi dividido em Estudo 1 (ordem de execução dos exercícios aeróbio e resistido) e 2 (período do dia: manhã e tarde). Dez atletas de jiu-jitsu (22,6 ± 3,78 anos, 70,3 ± 5.89 kg, 175,96 ± 5,83 cm, 6,8 ± 2,38 % body fat) participaram do Estudo 1;, nove atletas de jiu-jitsu (22,0±3,7 y; 176,0±5,0 cm; 73,4±9,7 kg; 6,8±2,1 % body fat) participaram do Estudo 2.. A aptidão aeróbia dos voluntários foi avaliada por meio do desempenho em corrida de 1600m e aplicação de equações de predição do VO2max e limiar anaeróbio (LA). Para avaliação da força foi aplicado o teste de 12 repetições máximas. O protocolo experimental do Estudo 1 foi realizado em 4 sessões em ordem randomizada, sendo: 1) Aeróbio e resistido (AR); 2) Resistido e aeróbio (RA); 3) Circuito concorrente EA/ER alternados (CC); 4) Controle (CO). No Estudo 2 o protocolo experimental consistiu de 2 sessões experimentais em que o EC foi realizado na sequência (RA) e 2 sessões controle (CO) ambas realizadas no período da manhã (RAM: 9-10h45min) e tarde (RAT: 15-16h45min). Em todas as sessões realizadas, tanto no estudo 1 quanto no estudo 2, a duração e intensidade de EA (~15min a 90%LA) e ER (15min a 90%12RM’s; 12-rep em 6 exercícios: Leg press, Supino sentado, Cadeira extensora, Puxador pela frente, Cadeira flexora e Remada na máquina) foram padronizadas. A percepção subjetiva de esforço (PSE) foi registrada durante as sessões de exercício. A PA foi mensurada antes, durante e por 24h após as sessões. As mensurações de PA sistólica (PAS), diastólica (PAD) e média (PAM) após as sessões foram obtidas durante 1h no laboratório (Microlife® BP3A1C) e 23h pela monitorização ambulatorial da pressão arterial (Dyna-MAPA®). Resultados: Estudo 1 – A PSE na sessão RA ao final do EA (14+3) foi significativamente maior (p<0,01) quando comparada às sessões AR e CC (11+2); enquanto que a PSE após ER foi significativamente menor (p<0,001) após RA (6+1) do que em AR (7+1). Somente a sessão RA promoveu um tamanho de efeito de moderado-alto na PAS nos períodos de 24h e 15h do período de vigília quando comparada à sessão controle, sendo o mesmo observado em relação à PAM na vigília (d de Cohen = -0.46/-0.78). Quando comparadas todas as sessões, somente a sessão RA apresentou tamanho do efeito de moderado a grande para PAD durante as 24h, o período de vigília e de sono. Quando analisada a área abaixo da curva verificou-se que a PAD na sessão RA fi menor do que na CO durante o período de vigilia (1004±82 vs 1065±107; p<0.047) e 24h (1456±103 vs 1528±132; p<0.026) enquanto que o mesmo não foi observado nas demais sessões. Quando comparada ao delta de variação da PA durante um período de 24h após as sessões, observou-se diferença significativa na PAS após sessão RA em quatro momentos do período da manhã durante as 24h (0-1h:-12mmHg / 2-3h:-16,5mmHg / 6- 7h:-19,4mmHg / 10-11h:-13mmHg) em relação à sessão CO. Na sessão AR vs CO diferenças significativas na PAS foram observadas em dois momentos pela manhã (4-5h:-19,2mmHg / 6-7h:-20,2mmHg), assim como na sessão CC vs CO diferenças significativas na PAS (2-3h:-15,6mmHg / 6-7h:-17,5mmHg) foram observadas em dois momentos. Já com relação à PAD, somente a sessão RA promoveu diferença significativa quando comparada ao CO em um momento (4-5h:-14mmHg). Estudo 2 - ao analisar os valores da área abaixo da curva de PA, verificou-se valores significativamente inferiores em relação à sessão CO na PAS durante o período de vigília (1756,2±100,8 vs 1818,2±84,35 mmHg; p<0,05) e durante às 24 horas (2495,8±143,3 vs 2784,1±143,2 mmHg; p<0,05) para RAM; e no período do sono para RAT (883,6±27 vs 965,2±67,9 mmHg; p<0,05). Quando comparadas à sessão controle, a sessão RAT apresentou menor área abaixo da curva de PAD (481,4±30,9 vs 965,2±67,9 mmHg; p<0,01) e PAM (651,9±22, vs 726,9±64,7 mmHg; p<0,01) no período de sono; enquanto que a sessão RAM apresentou valores inferiores somente na PAM (2015,7±121,2 vs 2087,3±153,8mmHg; p<0,05) durante o período de total de 24 horas. Quando analisada os valores de PAS após o exercício observou-se valores significativamente inferiores quando comparados ao repouso pré sessão nos momentos de 10-11h (p<0.01) e 16-17h (p<0,001) nas sessões RAT e RAM respectivamente. A sessão RAM resultou em valores de PAS, PAD e PAM significativamente inferiores à sessão CO no período 16-17h (p<0,05); enquanto que a sessão RAT promoveu valor significativamente inferior à sessão CO apenas na PAS no período 10-11h (p<0,01). Quando comparada a PA durante o período pós exercício em relação ao repouso pré exercício, foi observada um decréscimo da PAS as 10-11h (p<0,03) e as 6-7h (p<0,06) na sessão RAT. Já na sessão RAM o decréscimo da PAS foi observada ocorrer em três momentos durante o período de 24h (16-17h, p<0,045; 2-3h, p<0,028; 6-7h, p<0,041). O decréscimo de PAD na sessão RAM foi observado no período de sono de 2-3h (p<0,001) e 6-7h (p<0,043), enquanto que na sessão RAT, a decréscimo de PAD foi observada ocorrer as 4-5h (p<0,001) e 6-7h (p<0,043). O decréscimo de PAM somente foi observado após sessão RAM as 2-3h (p<0,019). Conclusão: Estudo 1 – A sessão de exercício realizado na sequencia resistido aeróbio (RA) resultou em menores valores de PA ao longo de 24h em relação ao controle quando comparada às sessões AR e CC. Estudo 2 – A sessão de exercício resistido e aeróbio realizada pela manhã (RAM) promoveu maiores benefícios para o controle da PA durante o período de vigília e durante as 24h do dia, enquanto que a realizada a tarde (RAT) promoveu maiores benefícios durante o 

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