Resumo

Introdução: Estudos anteriores observaram que o resfriamento central é efetivo para atenuar a taxa de elevação da temperatura central ao longo do exercício realizado em hipertermia. Demonstram também, que a taxa de elevação da temperatura central pode depender do modelo de exercício praticado; exercícios com ritmo controlado, ao contrário de exercícios com ritmo auto-ajustado, requerem maior recrutamento muscular e, consequentemente, apresentam maior elevação da temperatura central. O objetivo deste estudo foi examinar os efeitos agudos do resfriamento crânio-cervical sobre a taxa de elevação da temperatura central, respostas fisiológicas e perceptivas associadas, durante exercícios de ritmo auto-ajustado e ritmo controlado, realizados em ambiente quente. Métodos: Participaram do estudo dez ciclistas experientes e aclimatados ao calor, os quais foram submetidos a 4 sessões preliminares em 21 °C e 4 sessões experimentais em hipertermia (33 °C), a saber: exercício com ritmo auto-ajustado sem e com resfriamento crânio-cervical (EAA33 e EAA33R); e exercício com ritmo controlado sem e com resfriamento crânio-cervical (ECON33 e ECON33R). Em ambos os modelos, os participantes completaram 20 km; ou com ritmo auto-ajustado, controlado pela percepção subjetiva de esforço (PSE = 16), ou ritmo controlado, em intensidade fixa, correspondente à intensidade média gerada na sessão preliminar de exercício com ritmo auto-ajustado em 21 °C. Medidas de temperatura central e periférica, cardiopulmonares e psicológicas foram obtidas durante a realização dos exercícios, enquanto medidas do torque muscular voluntário máximo, massa corpórea e densidade da urina, foram realizadas antes e após os exercícios. Respostas médias e a taxa de modificação da temperatura retal (TR) e percepção subjetiva de esforço (PSE) ao longo dos diferentes modelos de exercício, sem e com resfriamento, foram comparadas. Resultados: Os testes controle evidenciaram que o EAA e ECON foram de intensidade submáxima, e foram influenciados pelo aumento da temperatura ambiente (21 °C vs 33°C). Quanto as respostas frente ao resfriamento crânio-cervical, foram verificados efeitos principais, em função da redução do tempo total, elevação da potência mecânica produzida, atenuação da TR e de sua taxa de elevação; além da menor PSE (geral e local) e sensação térmica. Com relação aos efeitos principais do modelo de exercício, somente o consumo de oxigêncio foi modificado com maiores valores em ECON. Efeitos do resfriamento foram detectados sobre a TR e sua taxa de elevação, pois foram reduzidas em ambos os modelos de exercício. Nenhum efeito de interação foi observado nas variáveis medidas. Conclusão: O resfriamento central foi efetivo na elevação do desempenho motor, possivelmente mediado por uma atenuação da elevação da temperatura central e alteração na PSE. Entretanto, o modelo de exercício não foi determinante para a observação destas respostas.

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