Resumo

Introdução: Há evidências dos efeitos positivos dos exercícios resistidos na capacidade e mobilidade funcionais, força muscular e qualidade de vida em pessoas muito idosas 1,2.O SPPB (Short Physical Performance Battery) e TUG ( timed up and go test) são instrumentos validados e confiáveis para avaliar a funcionalidade principalmente em idosos3,4. As cargas utilizadas no treinamento resistido (cargas sub-máximas) também podem ser utilizadas para avaliar a força muscular5. O teste de força de preensão manual (FPM) tem se mostrado útil para avaliar a força muscular global de pessoas idosas. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do treinamento resistido na força muscular e em testes funcionais em nonagenários. Materiais e Métodos: Participaram da pesquisa 12 pessoas de ambos os sexos e na faixa etária de 90 a 97 anos, em atendimento terapêutico sendo 7 pessoas com experiência prévia em treinamento resistido e 5 não. Os principais diagnósticos apresentados foram discopatia cervical e lombar, artrose de joelhos, quadris e mãos, e tendinopatias de ombros e quadris. O período de treinamento considerado foi de 12 meses, 2 vezes por semana, consistindo em 3 series de 6 a 12 repetições em cada exercício prescrito. Foram realizados os exercícios básicos: press peitoral, remada, leg press, flexão de gêmeos em associação com outros exercícios individualizados. As cargas utilizadas nos exercícios resistidos foram definidas por aproximação sucessiva, sendo as duas primeiras séries mais leves para aquecimento e carga mais difícil na última série, com grau de esforço equivalente ao intervalo 15 - 18 na escala de Borg. Os exercícios foram realizados em aparelhos com sistema de alavancas e pesos livres da marca Biodelta, adaptados individualmente em técnicas, cargas e amplitudes visando a execução confortável5. A força muscular foi avaliada por meio do teste de FPM e das cargas de treinamento nos quatro exercícios citados e a funcionalidade com os testes TUG e SPPB. Foram realizadas 3 avaliações com intervalo de 6 meses entre elas. A análise estatística realizada foi o teste não paramétrico de Friedman (F) para várias amostras relacionadas e posteriormente na comparação entre pares utilizando o pacote estatístico SPSS ( p<0,05). Resultados: Com relação às cargas de treinamento com esforço submáximo e adaptado para o conforto individual os participantes apresentaram aumentos progressivos ao longo de 12 meses em todos os exercícios, com valores significantes. O teste de FPM não apresentou a mesma evolução das cargas de treinamento. No teste TUG e no teste SPPB não ocorreram melhoras em níveis significantes. Conclusão: Podemos concluir que o treinamento resistido em nonagenários com doenças musculoesqueléticas teve efeitos positivos na evolução da força muscular avaliada pelas cargas de treinamento, mas não ocorreram melhoras nos testes funcionais avaliados. 

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