Resumo

As doenças cardiovasculares (DCV) são as principais causas de morte em todo o mundo. Dentre as DCV, o infarto do miocárdio (IM) é a mais incidente e com o maior índice de mortalidade. O Treinamento físico (TF) é uma conduta não farmacológica, importante no tratamento de diversas patologias. O Treinamento resistido (TR) tem sido recomendado para pacientes com insuficiência cardíaca (IC) em programas de reabilitação por aumentar a força/resistência, fluxo sanguíneo periférico e promover melhor qualidade das atividades da vida diária. Após o programa de reabilitação os pacientes são orientados a seguir em academias, clubes, parques, mas estes tendem a não continuar por medo, falta de motivação e por não encontrarem um profissional capacitado. Assim, os efeitos do TR na função e morfometria cardíaca, bem como na modulação autonômica após o IM permanecem pouco estudados. Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi avaliar a influencia de 3 meses de TR, bem como o impacto de 1 mês de destreinamento (DT) na função e morfometria cardíacas, no perfil hemodinâmico e na modulação autonômica de ratos submetidos ao IM. Para isso, ratos Wistar machos foram divididos em: grupos controle sedentário (CS), controle treinado (CT), controle destreinado (CD), infartado sedentário (IS), infartado treinado (IT) e infartado destreinado (ID). Após 1 semana de IM, os grupos CS e IS foram acompanhados durante 3 meses e os grupos IT e ID, juntamente com os grupos CT e CD, foram submetidos a 3 meses de TR (40-60% da carga máxima de subida). Após o TR, os grupos CD e ID permaneceram por 1 mês em DT. Ao final do protocolo de TR e/ou DT, todos os grupos foram submetidos a avaliações ecocardiográficas e o registro direto de pressão arterial. A área de IM foi semelhante entre os grupos na avaliação inicial (~40,3±3%) e final (~37,6±2%). No teste de carga máxima, os grupos CT, CD, IT e ID apresentaram aumento em relação às suas avaliações iniciais e em relação aos grupos CS e IS, respectivamente. No entanto, o DT reduziu parcialmente a carga máxima nos animais CD e ID. A relação E/A e o índice de desempenho miocárdico, que estavam aumentados após o IM, foram diminuídos pelo TR em relação nos grupos IT e ID. Em relação à variabilidade do intervalo de pulso, os grupos CT (17,8±2,0) e CD (19,4±1,7) apresentaram aumento da banda de alta frequência em relação ao CS (12,1±0,8). Os animais IT (10,7±0,9) e ID (11,2±1,3) apresentaram aumento dessa variável em comparação a IS (5,9±0,5). O balanço autonômico cardíaco, representado pela razão entre as bandas de alta e baixa frequência, estava reduzido somente no grupo IS (0,19±0,03) em comparação ao CS (0,41±0,02), uma vez que o TR normalizou essa variável. Os resultados do presente estudo demonstram que o TR foi eficaz atenuar a disfunção autonômica cardiovascular de ratos após o infarto do miocárdio, possivelmente contribuindo com uma pontual melhora do desempenho global do ventrículo esquerdo, da pressão arterial sistólica e da capacidade física nos animais treinados. Entretanto, o achado mais importante e original dessa investigação foi que após o período de 1 mês de destreinamento os benefícios advindos do treinamento resistido foram mantidos.

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