Resumo

O objetivo do presente estudo foi comparar o comportamento dos parâmetros mecânicos (Wext, Wint, Wtot, CP, FP), parâmetros energéticos (Pmet, C, Eff, Vótima) e do mecanismo pendular (R, Rint, %Cong) durante a caminhada com carga no plano (0%), nas inclinações (+7% e +15%) e em distintas velocidades de caminhada. A amostra foi composta por 10 homens jovens, saudáveis, fisicamente ativos e não adaptados ao transporte de carga em mochilas. Os sujeitos caminharam em uma esteira rolante durante 5 min, em cinco diferentes velocidades, sem e com carga (25% da MC) transportada em mochilas, e em três planos distintos de caminhada (0%, 7% e 15%). A análise de movimento 3D (quatro câmeras de vídeo) foi realizada simultaneamente à análise de VO2. Realizaram-se rotinas computacionais para o processamento de dados cinemáticos em Matlab®. Utilizou-se ANOVA de 3 fatores para medidas repetidas, com post hoc de Bonferroni (p < 0,05; SPSS 17.0). Os resultados dos parâmetros mecânicos indicam modificações devido à velocidade e ao plano de caminhada; a carga não modificou algumas das variáveis. Todas as variáveis mecânicas aumentaram com o incremento da velocidade, o Wint e a FP diminuíram a 7% e logo aumentaram a 15%, o Wext e Wtot aumentaram com a inclinação, e o CP diminuiu com o aumento da inclinação. A carga não afetou na maioria das situações o Wext e o Wtot, demonstrando que os parâmetros mecânicos são de modo geral, independentes da carga tanto no plano como nas inclinações. As variáveis energéticas da caminhada foram influenciadas pela velocidade, inclinação e a carga. A Pmet aumentou com o incremento da velocidade, da inclinação e da carga. O C diminuiu com o incremento da velocidade e logo aumentou, atingindo um mínimo nas velocidades intermediárias e, também aumentou com o incremento da inclinação e da carga. A Eff aumentou com a velocidade, diminuiu com o aumento da inclinação e a carga. A Vótima de caminhada foi reduzida com o incremento da inclinação. Constatou-se que o mecanismo pendular é modificado principalmente como decorrência da velocidade e da inclinação do terreno, e é independente da carga. O R e o Rint aumentam com o acréscimo da velocidade de caminhada, logo diminuem com o incremento da inclinação e ambos são independentes da carga. Conclui-se que as diferentes restrições impostas através da variação da carga e inclinações provocaram adaptações na mecânica e energética da locomoção humana, sustentando a Vótima e a reconversão das energias mecânicas (R) nas inclinações. Deste modo, ainda que em menor proporção, a estratégia de minimização de energia por via pendular ainda persiste nestas condições.

Arquivo