Resumo

A Síndrome Metabólica (SM) envolve a presença de pelo menos 3 dos seguintes fatores de risco cardiovascular: obesidade abdominal, hiperglicemia, hiperlipidemia, hipertensão arterial e resistência à insulina. Estudos têm demonstrado uma associação entre disfunção autonômica cardiovascular e a SM, sugerindo que as alterações autonômicas precedem as alterações metabólicas em um modelo de SM induzido por sobrecarga de frutose. Evidências clínicas e experimentais demonstram que o treinamento físico resistido (TR), é uma ferramenta importante para melhorar a disfunção autonômica cardiovascular em diferentes condições fisiológicas e patológicas. Objetivo: Avaliar os efeitos preventivos do TR nas alterações metabólicas, hemodinâmicas e autonômicas em um modelo de SM induzida por sobrecarga de frutose. Métodos: Foram utilizados ratos Wistar machos (8 semanas de idade), divididos em três grupos: grupo controle (GC), grupo frutose sedentário (GFS), grupo frutose treinado (GFT). Os animais dos grupos GFS e GFT foram submetidos à indução da SM por meio de sobrecarga de frutose (100g/L) na água de beber durante 10 semanas. O grupo GFT realizou o TR em escada vertical, 5 vezes por semana, durante 10 semanas, concomitantemente a administração de frutose. No início e ao final do protocolo foram mensuradas glicemia e triglicérides. Os animais foram canulados para registro direto de pressão arterial (4kHz, CODAS), avaliação da modulação autonômica cardiovascular e análise da sensibilidade barorreflexa. Posteriormente foi mensurado a resistência à insulina. Os dados foram apresentados como média e erro padrão e foram analisados através de ANOVA one way, sendo considerados significativos valores de p inferiores a 0,05. Resultados: Quanto aos parâmetros metabólicos, não houve diferença entre os grupos GC, GFS e GFT no peso corporal dos animais, bem como nos níveis plasmáticos de glicose e triglicérides, contudo, foi observado um maior peso de tecido adiposo branco e maior resistência a insulina no GFS quando comparado ao GC e GFT. A pressão arterial sistólica e diastólica foi maior no GFS comparado ao GC, enquanto a pressão arterial média também foi maior em relação ao GFT. Quanto à VFC no domínio do tempo os animais que receberam frutose e se mantiveram sedentários apresentaram menor variabilidade total em comparação com os animais controles e treinados que também consumiram frutose. No domínio da frequência, o GFS apresentou maiores valores da banda de baixa frequência, indicativo de modulação simpática, tanto para o coração quanto para os vasos, comparado ao GC e ao GFT, bem como maior a VPAS e para a sensibilidade barorreflexa espontânea, mensurada pelo índice alfa. Conclusão: A sobrecarga de frutose promoveu aumento do tecido adiposo branco, resistência à insulina, incremento nos níveis pressóricos, bem como disfunção autonômica cardiovascular, evidenciada pela redução da VFC e aumento da modulação simpática para o coração e para os vasos. Entretanto, o TR foi capaz prevenir ou atenuar essas alterações deletérias observadas tanto nos parâmetros metabólicos quanto nos hemodinâmicos e autonômicos.

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