Resumo

Atualmente a obesidade pode ser considerada uma pandemia. Em vista disso, há
anos cientistas vêm se dedicando aos estudos sobre composição corporal e balanço
energético. Com a identificação do gene ob e do seu receptor, foi descoberta a
leptina, o "hormônio da saciedade". A leptina é secretada, principalmente, pelo
tecido adiposo branco e reflete a quantidade de gordura depositada no tecido adiposo
de um indivíduo. O efeito do treinamento sobre este hormônio ainda não está
muito claro, havendo contradições na literatura sobre sua possível ação na regulação
da secreção da leptina. Este estudo visa a verificação dos efeitos do treinamento
físico aeróbio nas concentrações de leptina plasmática em ratos. Ratos machos Wistar
(n=18) foram divididos em dois grupos de treinamento, com duração de 9 semanas.
O grupo A realizou treinamento aeróbio sub-limiar, em sistema de natação, quatro
vezes por semana, 60 minutos por sessão; o grupo C (controle) não realizou
treinamento. Após a intervenção, foram analisadas as concentrações de leptina e
insulina de jejum, taxa de metabolismo de repouso (TMB) e conteúdo de gordura
corporal (CGC). O teste de tolerância oral à glicose foi realizado antes e após o
treinamento. Resultados: As concentrações de leptina (C: 5,89±2,89; A: 2,58±1,05
ng/mL; p=0,11) e insulina de jejum (C: 12,81±4,23; A: 5,78±1,42 uUI/mL; p=0,004)
foram menores no grupo controle. Não houve diferença na TMB entre grupos. O
CGC foi significativamente menor no grupo treinado (C: 80,33±22,32; A:
51,04±15,22 mg/g; p=0,009). Não houve diferença entre as áreas sob a curva (AUC)
pré-intervenção, porém a AUC pós-intervenção do grupo controle foi maior (C:
9489,0±449,0; A: 8535,0±380,9; p=0,000). Houve alta correlação entre leptina e
insulina (r=0,82; p<0,01) e CGC (r=0,93; p<0,01).Análise de regressão linear simples
mostrou que 86% (p<0,05) da variação da concentração de leptina puderam ser
explicadas pela variação do CGC. No entanto, ao controlar a variável CGC, houve
diferença nas concentrações de leptina entre os grupos (C: 0,07±0,02;A: 0,05±0,01
ng/mL.mg; p=0,008). Desta forma, pode-se concluir que o treinamento provocou
melhoras na tolerância à glicose e sensibilidade à insulina e que, apesar da menor
concentração da leptina plasmática de ratos treinados ser principalmente atribuída à
menor quantidade de gordura corporal destes, houve efeito do treinamento sobre
essas concentrações, sugerindo algum outro tipo de modulação, provavelmente devido
à insulina.

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