Resumo

Esta dissertação teve como objetivo principal investigar a cobertura da revista Placar a respeito da Seleção Brasileira, do São Paulo Futebol Clube e do Sport Club Corinthians Paulista no período de 1979 a 1984. Embasados por uma perspectiva gramsciniana, situamos a publicação esportiva como um aparelho privado de hegemonia responsável por estimular uma crise de hegemonia e instaurar um novo consenso no campo político e avaliamos as leituras do semanário sobre a participação brasileira na Copa da Espanha, a implantação de um modelo empresarial no tricolor paulista denominada de Revolução São-Paulina, assim como a trajetória percorrida pelo alvinegro paulista durante a Democracia Corintiana. Considerando as capas, as fotografias e os textos, procuramos resgatar a construção simbólica que o semanário fez a respeito do futebol, assim como a sua busca simultânea por resgatar o futebol-arte e modernizar a estrutura administrativa do esporte por meio da implantação da gestão empresarial. Portanto, a equipe verde amarela de 1982, apontada como representante-mor da união entre tradição e modernidade, deveria servir de referência para os clubes nacionais mesmo diante da derrota. Como portadores temporários do ethos nacional até a próxima Copa, caberia aos clubes garantirem o retorno da manifestação artística em campo que havia se perdido durante o regime militar (1964-1985) ao mesmo tempo em que tivessem que se adequar à lógica empresarial. O primeiro clube a ser escolhido como referência do futebol moderno pelo semanário foi o São Paulo, mas se ele possuía todos os elementos que permitissem reconhecê-lo enquanto exemplo de racionalização do esporte, faltava-lhe a emoção necessária para consolidar definitivamente esse projeto. Logo em seguida, o Corinthians é eleito como o novo representante capaz de unir o passado e o presente, pois era possuidor da alma que faltava ao clube do Morumbi. Com o início da Democracia Corintiana, Placar projetava sobre a equipe alvinegra as qualidades tradicionais do futebol-arte que deveriam ser resgatadas e as características modernas que seriam responsáveis por implantar em definitivo o conceito de futebol-empresa. Como representante da vanguarda que consolidaria essa proposta de reforma modernizadora, o periódico elegia Sócrates ídolo corintiano pois o atleta seria capaz de reunir os aspectos do passado e futuro e assim devolver a completude perdida do esporte nacional. Diante da saída do jogador para o futebol europeu, Placar veria o seu projeto político naufragar

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