Resumo

A análise dos esportes modernos, segundo a sociologia configuracional, oferece um ponto de partida compreensivo para o estudo do arcabouço societal que se desenvolve em torno de dois eixos fundamentais: a “busca da excitação”, através do dispêndio da energia do corpo; e o “jogar o jogo”, mais ligado aos aspectos identitários/disciplinares dos estilos ou modalidades esportivas. A presento alguns aspectos sociológicos da prática do jiu-jítsu brasileiro no espaço urbano do litoral potiguar, num lugar conhecido como“Vila”de Ponta Negra, na cidade de Natal. A metodologia utilizada foi a observação participante, como professor colaborador, nos treinos do Projeto de Inclusão Social (PIS) “Lutando para vencer”, realizados no Centro Comunitário de Ponta Negra, com os estudantes de duas escolas públicasdo bairro. Cinquenta quimonos novos foram distribuídos e a turma se consolidou em torno de vinte alunos fixos e outros mais que alternavam a frequência.Asidades variam dos quatro aos catorze anos. Algumasreflexões da sociologia da infância apontam as pistas metodológicas e, fundamentalmente, a postura mais adequada para perceber as interações e representações sociais em jogo. Além dos treinos, as festas do dia dascrianças e do natal ilustram odiário de campo.Ao bservaçãonasce da relação em que olhar do pesquisador é gerado pela própria experiência do desporto. Compartilho o primeiro momento do grupo com o jiu-jítsu, vendo-os exercitar e desenvolver uma identidade esportiva, entreposta num jogo societal de solidariedades e disputas, artimanhas e traquinagens. Concluímos a pesquisa de campo quando as primeiras medalhas foram conquistadas nas categorias masculinas e femininas,no campeonato nordestino e na terceira etapa do circuito estadual de jiu-jítsu de dois mil e treze.
 

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