Resumo

Nos anos de 1970 e 1980 as práticas esportivas ganhavam outra profundidade, os exercícios, outros objetivos. Os velhos modelos de investimento "muscular" no início do século XX são transpostos para modelos de "autorrealização integral" e "autocontrole". O manual técnico da campanha Esporte para Todos (EPT), realizada no Brasil entre 1977-1985, assinalava: "cada atividade que você participa, ocorre um enriquecimento seu e dos outros, você ganha mais experiência, desenvolve a sua sensibilidade, fica cada vez mais gente EPT". A Campanha Nacional de Esclarecimento Desportivo da qual o EPT fazia parte empregou também, como meio principal, a produção da Revista Comunidade Esportiva e o uso de quantidade considerável de imagens fotográficas de atos, do instante da cena esportiva. Qual a natureza desses registros? Como fica a narrativa dos acontecimentos elaborada pela linguagem fotográfica nos manuais técnicos do Esporte para Todos? Nesse sentido, o objetivo é discutir, nesta tese de doutorado, o EPT, como um esforço conjugado por uma miríade de interesses específicos do período - governo militar, maquinaria e industrialização, emulação das classes trabalhadoras, um meio desencadear a prática do esporte de modo massivo, o que implica ao mesmo tempo a tentativa de produzir um novo "homem", "alegre", "competitivo", "grupal", e do uso útil do tempo livre. Daí o sentido novo de uma extrema diversificação dos gestos a multiplicar os modos de ação, os tempos, os lugares, os estilos, os efeitos do trabalho em equipe, da satisfação por resultados, da superação de força, do otimismo.

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