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INTRODUÇÃO:

A Amazônia, e mais especificamente, o Pará, possuem potencial e diferentes ambientes que possibilitam o crescimento dos esportes de aventura (EA). Estes espaços, possuidores de um cenário rico e atrativo para tais práticas se tornam locais de um número cada vez maior de atividades no gênero. A biodiversidade local, a escolha e a forma de utilização destes espaços podem interferir neste meio, positiva ou negativamente, o que apontam à relevância deste estudo. Partindo deste princípio, visou-se identificar as implicações da expansão dos EA no Pará, a partir da percepção dos praticantes, bem como o papel do Estado no ordenamento e fomento do setor.

METODOLOGIA:

Como metodologia para identificar os impactos oriundos dos EA no Pará utilizou-se de duas produções científicas (mestrado e doutorado) que analisaram essas tendências e locais de prática no Estado, por meio de pesquisa bibliográfica e de campo. No primeiro estudo, a análise focalizou o número de atividades (14) e grupos de praticantes (15) de diversas modalidades até 2002. Fez-se o levantamento dos locais em que tais práticas já ocorreram na região (pelo menos uma vez), destacando locais apropriados para cada modalidade e gerando um mapa de possíveis locais de prática dos EA no Pará. No segundo estudo adotou-se uma metodologia com procedimentos qualitativos e quantitativos (Statistical Package for Social Science - SPSS), com enfoque em um estudo de caso. Foram entrevistados praticantes (184) cadastrados no órgão de turismo do Estado, organizadores e demais envolvidos nos EA, identificando locais e interesses comuns entre os grupos por meio da análise da opinião destes sobre impacto. Utilizou-se, ainda, da avaliação de documentos apresentados pelo Governo (Estadual e Federal), na intenção de compreender o processo de desenvolvimento dos EA no Pará e como as experiências nacionais e o conhecimento gerado sobre tais atividades é considerado pelos órgãos competentes.

RESULTADOS:

Nos resultados encontrados, buscou-se entender a dinâmica do crescimento dos EA no Estado, mediante a opinião apresentada pelos participantes, referente às suas atitudes e posturas adotadas como praticantes. Utilizando-se dos dados dos referidos trabalhos, foi possível verificar que além dos grupos cadastrados na Paratur, existem outros que praticam EA com regularidade. Desta forma, a percepção de impacto e de natureza por parte dos praticantes possibilita entender as atitudes em relação às atividades desenvolvidas na região, buscando relacionar a consciência ambiental às posturas adotadas pelos praticantes e seus reflexos no ambiente natural e, conseqüentemente, no desenvolvimento regional. Analisando o levantamento, é possível não apenas identificar as dificuldades em relação à identificação dos prováveis impactos pelos praticantes, como perceber a falta de normatização em relação a quem pratica, opera ou vende produtos referentes a esportes de aventura. Além disso, na falta de legislação pertinente, não há como fiscalizar a operacionalização de tais atividades no meio ambiente, o que o torna vulnerável.

CONCLUSÕES:

Concluiu-se que os praticantes de EA acreditam que a natureza deva ser utilizada de forma a permitir sua reconstituição, e dizem possuir atitudes responsáveis. Entretanto, presumem que suas atividades não causam impactos ao meio ambiente, mostrando que, apesar das leituras, os informes ligados à prática dos esportes parecem não esclarecer interferências das ações humanas na relação homem/natureza. A propaganda do Estado referente ao turismo de aventura está à frente da realidade encontrada e as políticas de incentivo ainda são incipientes, não possibilitando o ordenamento do setor. Os planos e programas identificados no Estado do Pará que abordam a prática de esportes de aventura na natureza não conseguem oferecer o necessário respaldo ao desenvolvimento de tais atividades, para garantir sua sistematização e, desta forma, seu crescimento de forma sustentável. Portanto, a união de interesses poderá favorecer a criação de políticas públicas, cujas ações estejam voltadas a uma gestão atuante e participativa dos envolvidos. O planejamento das ações poderá contribuir para a expansão dos EA no Estado a fim de minimizar efeitos negativos e adotar medidas mitigadoras capazes de equilibrar as ações realizadas em áreas naturais.