Resumo

A obesidade infantil tem aumentado nas últimas décadas, tornando-se um problema de saúde pública, podendo acarretar prejuízos ao desenvolvimento integral das crianças. A Organização Mundial da Saúde destaca a importância do acompanhamento do estado nutricional como indicador de saúde. Neste contexto, o presente estudo teve por objetivo identificar o panorama dos estudos sobre estado nutricional de crianças brasileiras e estabelecer correlações entre estado nutricional e o desempenho motor em escolares de classe média. Para tanto, o corpo de discussão foi desenvolvido por meio de dois capítulos-artigos: o primeiro faz um recorte das publicações indexadas nos últimos 10 anos, que abordam o estado nutricional dessa população, considerando o ano de publicação, a localidade, o objetivo de estudo e o interesse pelo excesso de peso na infância; o segundo artigo estabelece correlações entre estado nutricional e desempenho motor de escolares entre 6 e 10 anos, pertencentes à classe socioeconômica equivalente a classe média, com seus responsáveis apresentando alto nível de escolaridade. O levantamento dos artigos foi realizado no Portal de Acesso à Informação Eletrônica do Sistema de Bibliotecas da UNICAMP, utilizando as seguintes combinações de palavras-chave (português e inglês): escolares, estado nutricional e Brasil; crianças, estado nutricional e Brasil. Foram coletados 148 artigos, indicando crescimento dos estudos nos últimos 10 anos, concentrados principalmente nas regiões Sudeste (45%), Sul (21%) e Nordeste (19%), com forte discrepância em relação às regiões Centro-Oeste (8%) e Norte (7%), ratificando as desigualdades entre as macro regiões do país. Um dos temas mais explorados no objetivo principal das pesquisas levantadas foi à relação entre doenças e estado nutricional de crianças. Mais da metade dos estudos tratam da obesidade infantil. Participaram do segundo estudo 222 escolares entre 6 e 10 anos, da cidade de Campinas, sendo avaliado: estado nutricional (IMC/idade e classificação da OMS), desempenho motor (flexibilidade, força muscular de membro inferior - FMMI e velocidade) (MATSUDO, 2005), padrão socioeconômico e escolaridade do responsável (questionário Abipeme). Resultados apontaram alta escolaridade dos responsáveis e perfil socioeconômico compatível com as classes B e C, com prevalência de sobrepeso e obesidade, respectivamente, de 20% e 23,1% (para meninos) e de 22,8% e 19,6% (para meninas) e diferença significativa entre crianças eutróficas e obesas na velocidade e na FMMI (só para os meninos). Mesmo em populações de classe média e com alto nível de escolaridade, as taxas de prevalência de sobrepeso e obesidade infantil são elevadas e já apresentam interferência sobre o desempenho motor, revelando a influência negativa do excesso de peso sobre o desenvolvimento das crianças. Com o aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade infantil, ocorre também a necessidade do auxilio a saúde dessa população. 

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