Resumo

O interesse em realizar o estudo advém da visibilidade que os indivíduos não binários adquirem em diferentes espaços, incluindo manifestações artísticas que convidam ao diálogo. Um exemplo é o evento “Mostra de Multilinguagens Corpos Visíveis: arte e diversidade”, que promoveu um debate público envolvendo o tema. Incluiu a exposição fotográfica “Estética do Invisível”, da qual selecionamos duas imagens, com o propósito de interpretá-las, discutindo alguns sentidos ligados às suas composições. São os intitulados “Ensaio disfarce para o fim do mundo” e “Meu corpo criação”. O método é inspirado na antropologia da imagem. Requer interpretação que ultrapasse o conteúdo das fotografias e considere aspectos relacionados à sua produção e exposição. Os resultados indicam que ambas as imagens ultrapassam o discurso autoritário, representando indivíduos que se recusam a submeter-se aos processos identitários vigentes. Expressam um modo de sofrimento, que se traduz em sintoma pela dissolução da unidade simbólica de pertencimento. Os elementos que os constituem evocam noções de divindade, poder, resistência e transformação. Além de mudar subjetividades, as fotografias iluminam o alvorecer de um novo paradigma que desafia convenções e acarreta mudanças em diferentes campos, especialmente aqueles que atuam diretamente sobre o corpo.

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