Resumo


O Esporte, como um dos mais relevantes fenômenos socioculturais, merece destaque como forma de manifestação em diferentes cenários da sociedade, no mundo todo. Em países como EUA e Noruega, o modelo do que se quer do esporte são observados, em manifestações culturais para promoção do esporte, como no país nórdico, ou em objetivos mercadológicos no país das ligas profissionais, como nos EUA. No Brasil, mesmo com a constituição garantindo a prioridade de recursos para os esportes educacionais, o investimento pelo setor público nos esportes de rendimento, ainda é maior, causando indefinição do que se quer do esporte no país. No sentindo de diminuir a distância entre o legal e o real, organizações de terceiro setor (OTS), classificadas nesta pesquisa como organizações esportivas (OEs), acabam assumindo o papel do Estado na promoção do esporte, com a finalidade de executar projetos esportivos educacionais. Como forma de viabilizar, financeiramente, esses projetos, o Estado possibilita alguns mecanismos de incentivos fiscais que permitem as empresas destinarem parte dos seus impostos para projetos esportivos. No entanto, além das fontes públicas disponíveis para as OEs, outros tipos de recursos, provenientes de fontes privadas e de pessoa física, também podem tornar esses projetos realidades. Porém, espera-se que essas organizações planejem as suas ações e criem estratégias para captarem os recursos diante desses seus potenciais financiadores, públicos, privados e/ou pessoas físicas. Desta forma, este estudo se propôs a levantar e analisar as estratégias de captação de recursos utilizadas pelas organizações que trabalham, especialmente, com o esporte educacional. Para atender este objetivo, esta pesquisa teve abordagem qualitativa, de natureza aplicada e com objetivo exploratório. Para obtenção dos dados foram realizados: análise documental, a partir de documentos disponibilizados pelas próprias organizações e; entrevistas, seguindo um roteiro pré-definido. Foram entrevistados 11 gestores de nove organizações, com sede na cidade de São Paulo e que trabalham com esporte educacional. A análise dos dados foi realizada, utilizando como base o método de análise de conteúdo. Como resultado, notou-se que as organizações analisadas possuem alta dependência das fontes públicas de financiamento, especialmente de incentivos fiscais como a Lei de Incentivo ao Esporte. Outro fator interessante identificado foi o papel dos fundadores, presidentes e diretores na captação de recursos nas organizações. Por outro lado, o acúmulo de funções desses gestores acaba limitando as suas atuações na captação de recursos. Os dados também mostraram a importância do esporte no processo educativo, bem como o envolvimento das escolas na execução dos projetos esportivos. Destaca-se ainda, como resultado, a não existência de planejamento estratégico de marketing, apesar do reconhecimento por parte dos gestores da relevância deste setor e da comunicação. Logo, conclui-se que as OEs, muitas vezes reféns de fontes públicas de financiamentos, não conseguem, por meio dos seus gestores, planejarem-se a longo prazo. Assim, acabam agindo por necessidades e demandas emergentes. Além disso, o trabalho com o esporte educacional, que poderia ser um diferencial quanto a captação de recursos, muitas vezes, acaba não atraindo os financiadores, que estão mais interessados nos esportes de rendimento
 

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