Resumo

O presente estudo de flexibilidade em crianças de ambos os sexos, de 10 a 14 anos de idade, brancas e não brancas, teve o propósito de verificar se o grau de flexibilidade das articulações estudadas é influenciado pela faixa etária, pelo sexo e pelo grupo étnico, bem como se as medições realizadas apresentam correlação significante e qual o desempenho do grupo no estudo de algumas articulações.As hipóteses nulas testadas no presente trabalho referem-se à ausência de diferença significante entre brancos e não brancos, entre os sexos, entre as diversas faixas etárias consideradas (10 a 14 anos) e à ausência de interação entre cor e sexo, cor e idade, sexo e idade, e cor, sexo e idade.Foram feitas 9.336 medições, em 1.230 crianças (614 meninos e 616 meninas) da rede escolar da cidade de Teresina (Piauí), abrangendo onze variáveis, quais sejam: flexibilidade escápulo-umeral, do quadril, coxo-femural (em pé, sentado e deitado) e tálo-crural (direita e esquerda), além da medida do comprimento do membro inferior direito e do ângulo de abertura dos membros inferiores (em pé, sentado e deitado). Estas três últimas foram obtidas através de procedimento matemático.A análise estatística foi realizada por meio dos programas de computação BMDP/2V, MINITAB, IMSL/MDTD, SPSS e das seguintes técnicas: análise de variância , de covariância, comparações múltiplas, análise de conglomerados, coeficiente de correlação de Pearson e porcentagem acumulada.Para cada variável estudada, foram evidenciados os valores máximo e mínimo, e calculados a média aritmética, o desvio padrão da amostra e da média e o intervalo de confiança a 95%. Foi feita também a análise de variância univariada, tendo sido testadas a homogeneidade dos dados segundo o sexo, idade e cor e ainda segundo as interações cor-sexo, cor-idade, sexo-idade e cor-sexo-idade.Foi feita análise de correlação entre todas as variáveis estudadas e, em alguns casos, foi possível apresentar tabelas normativas de percentil.Os resultados são apresentados descritivamente, acompanhados de tabelas explicativas e gráficos comparativos.Os comentários referem-se quase que somente à pesquisa feita pelo autor e, em alguns poucos casos, puderam ser feitas comparações com os resultados de outros autores.O presente estudo permitiu rejeitar as seguintes hipóteses nulas quanto à flexibilidade:a) ausência de diferença entre grupos étnicos apenas para flexibilidade coxo-femural, na posição deitado, e para flexibilidade do tornozelo direito;b) ausência de diferença entre os sexos para quase todas as variáveis, à exceção da escápulo-umeral e da coxo-femural em pé;c) ausência de diferença entre as faixas etárias, na flexibilidade da articulação escápulo-umeral, do quadril e coxo-femural em pé;d) ausência de interação cor-sexo para flexibilidade do quadril;e) ausência de interação cor-idade para flexibilidade do tornozelo esquerdo;f) ausência de interação sexo-idade para flexibilidade coxo-femural nas posições sentado e em pé;g) não foi possível evidenciar interação entre cor-sexo-idade, em qualquer das variáveis estudadas.Os resultados indicam as seguintes conclusões básicas:1. os meninos mostram média maior em todas as variáveis estudadas, com exceção da flexibilidade do quadril e do tornozelo;2. a flexibilidade aumenta a partir dos 10 anos nos meninos e o inverso ocorre entre as meninas (à exceção da flexibilidade do quadril);3. os brancos mostram maior flexibilidade que os não brancos;4. há correlação positiva forte entre as articulações dos tornozelos direito e esquerdo, em ambos os sexos e entre as articulações coxo-femurais, nas posições sentado e deitado, nas várias faixas etárias estudadas;5. não foi possível demonstrar correlação forte entre a flexibilidade da articulação coxo-femural e o comprimento do membro inferior;6. para a flexibilidade do quadril os melhores desempenhos estiveram na faixa dos 14 anos e os menores na de 11, em ambos os sexos;7. os meninos estudados neste trabalho mostraram melhor desempenho que os estudados por BARBANTI (1982) nos níveis de percentil considerados ( 10º, 50º e 90º), o que aconteceu com as meninas somente ao nível do 10º percentil.Finalmente, o estudo sugere a consideração de novos parâmetros anatômicos e outros indicativos do estado nutricional das crianças a serem pesquisadas.

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