Resumo

O fenômeno da hipotensão pós-exercício (HPE) tem relevância clínica, mas dúvidas persistem em relação aos mecanismos fisiológicos e variáveis que podem contribuir para sua manifestação, principalmente quando se trata de exercícios de força. Assim, a presente tese foi dividida em quatro estudos, tendo como objetivos: a) rever variáveis do exercício de força e mecanismos associados à HPE; b) verificar a influência da posição corporal em relação às respostas da PAS e PAD após uma sessão de exercícios de força; c) comparar a pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD) e média (PAM) após os exercícios envolvendo massa muscular diferente (flexão de antebraço e extensão de perna), realizados com volumes diferentes; d) verificar a pressão arterial (PA), o fluxo sangüíneo do antebraço (FSA) e a hiperemia reativa após uma sessão de exercício de força de grande intensidade. No primeiro estudo, a revisão da literatura localizou 14 referências sobre o exercício de força e a HPE. Seis estudos observaram efeito hipotensivo para a PAS e/ou PAD, mas oito não identificaram diferenças significativas para PAS e PAD ou relataram aumento. Esses resultados discordantes podem estar relacionados ao volume e à intensidade do exercício realizado, assim como ao período de monitorização. Quanto aos mecanismos fisiológicos, parece existir uma associação isolada ou combinada da diminuição da atividade nervosa simpática, do débito cardíaco, da resistência vascular e aumento de substâncias vasodilatadoras endoteliais. No segundo estudo, seis homens treinados (1,8±0,1 m; 77,4±8,5 kg; 27±2 anos) realizaram duas sessões de quatro séries de 10 repetições (80% de 10RM), nos exercícios voador peitoral, cadeira extensora, supino reto e leg press. A PA foi medida de forma não-invasiva na posição sentada (SExerc), antes de uma das sessões e durante 30 min após o término dos exercícios. O mesmo foi feito para a posição deitada (DExerc), em sessão diferente. A ANOVA identificou redução significativa da PAS após os exercícios em SExerc e DExerc, sem qualquer alteração intergrupos. No terceiro estudo, 24 homens treinados (23±2 anos; 69±10 kg; 173±7 cm) realizaram 6 ou 10 séries de 8-10 repetições (carga de 12RM) dos exercícios flexão do antebraço (GB) ou extensão da perna (GP). A PA foi medida de forma não-invasiva antes e após os exercícios durante 1h. A ANOVA identificou HPE apenas para GP realizado com 10 séries; a PAS permaneceu menor que no repouso durante todo o período de medida e a PAM foi menor apenas na medida de 30 min (90,3±5,7 vs 85,1±4,1 mmHg). No último estudo, nove homens treinados (28±4 anos; 80,1±12,3 kg; 1,8±0,1 m) realizaram 10 séries de até 15 repetições na extensão bilateral das pernas (carga de 90% de 15RM). Antes do exercício e após 10 e 60 min do seu término, foram aferidos PA de forma não-invasiva, FSA e hiperemia reativa. A ANOVA identificou redução significativa na PAS 10 min após o exercício (104,4±4,6 mmHg) em relação à medida inicial (111,3±6,0 mmHg). O FSA foi significativamente menor nas medidas de 10 min (2,21±0,68 mL.100mL-1.min-1) e 60 min (2,33±0,47 mL.100mL-1.min-1) que na medida inicial (3,08±1,03 mL.100mL-1.min-1). Não houve alterações significativas para a hiperemia reativa. Os resultados obtidos permitem concluir que: 1) Pode haver HPE após exercício de força, mas seus mecanismos fisiológicos são incertos; 2) a posição corporal não afetou a o comportamento da PA após exercícios de força; 3) a massa muscular envolvida no exercício de força pode influenciar a HPE, principalmente quando se realizam sessões com volume elevado; 4) o exercício de força pode provocar uma redução tanto na PA quanto no FSA após a atividade. 

Acessar Arquivo