Resumo

As questões éticas, historicamente, têm sido objeto de discussão sempre que a solidez e a continuidade dos valores se quebra, que as normas que pareciam óbvias são postas em xeque, que os critérios de legitimação e os princípios estabelecidos para diferenciar o bem do mal deixam de ser operacionais. Neste contemporâneo, percebe-se que as correntes éticas se quebraram ou deixaram de produzir efeito em determinados contextos, o que gera um mal estar generalizado. Neste campo de tensão, pensar a ética nas organizações é adentrar em um território móvel, sem consensos teórico-práticos. Isso se aplica também às organizações esportivas. Haja visto o caso QATARGATE, referente à escolha do Qatar para sediar a Copa do Mundo de 2022, que envolve desde dirigentes esportivos até Chefes de Estado em situações que, no limite, beiram a um comercialismo desenfreado e atingem níveis elevados de corrupção. Assim sendo, neste trabalho apresentaremos um contexto teórico que sirva como ponto de referência para a reflexão que confronte estes comportamentos organizacionais fortemente arraigados, em especial a corrupção, com uma ética das organizações esportivas. Focam-se dois eixos principais: a) a corrupção como modus operandi e a quebra do código moral e ético, restando o esvaziamento moral e a ética como resíduo nas organizações esportivas; b) o fair play como prática nas organizações esportivas, principalmente no apoio e no suporte à tomada de decisão de seus gestores. Para concluir, trazemos como proposta uma redefinição do comportamento ético dos gestores destas organizações, cuja inserção e protagonismo esteja consoante com a demanda contemporânea, reconciliando valores e restabelecendo a ética como primeva.

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