Eu Fiquei na História. Eu Também Competi. Não é Que Me Deixaram: Aspectos da Inserção da Mulher Negra no Esporte Olímpico

Parte de Mulheres e Esporte no Brasil: Muitos Papéis, Uma única Luta . páginas 63

Resumo

Difícil não pensar a inserção das mulheres negras no esporte olímpico como uma história de interdições, preconceito, invisibilidade, resistência, transgressão (Goellner, 2007); principalmente quando essa história se faz conhecer através das narrativas biográficas das próprias atletas. Conforme elas nos sugerem, a trajetória esportiva não é sobre apenas vivenciar uma atividade lúdica ou ter uma fonte de subsistência. A prática esportiva é um campo de disputa política no qual se configuram e se reproduzem as mais diferentes relações de poder e hierarquias sociais em que o corpo feminino, inferiorizado e racializado, torna-se o alvo central. Essas narrativas demonstram ainda que o fenômeno esportivo contemporâneo, enquanto propriedade privada, reservada a uma classe social específica (Brohm, 1982), configura-se como um domínio de uma branquitude não raro reivindicada pelos seus atores (dirigentes, conselheiros, pensadores, membros de torcida, treinadores, e mesmo atletas) quando o corpo negro se faz presente, submetendo a cordialidade e o mito da democracia racial a um duro exame da realidade.