Resumo

No desporto atual cada vez mais se valoriza a vitória diminuindo a importância atribuída à simples participação desportiva. Com o objetivo da vitória a todo custo, muitos são os atletas que apresentam grande prontidão para treinar e competir com dor e lesão. A maioria dos estudos abordando a problemática da dor e da lesão tem-se centrado nas experiências e vivências de dor e lesão de atletas do gênero masculino, nas pressões que atuam sobre esses atletas, levando-os a sujeitarem os seus corpos à dor e lesão. No entanto, este fenômeno da dor e da lesão não é estranho às mulheres atletas. Assim, este trabalho tem como principal objetivo compreender as razões que levam atletas do gênero feminino, praticantes de diferentes modalidades, a aceitarem e tolerarem a dor, e a treinarem e competirem enquanto lesionadas. É também nosso propósito averiguar acerca das estratégias utilizadas por essas atletas para gerir a dor e/ou lesão. Para a recolha da informação, efetuamos 7 entrevistas semiestruturadas a atletas das seguintes modalidades: natação, voleibol, handebol, judô, ginástica, futebol e atletismo. As mulheres envolvidas neste estudo, com idades compreendidas entre os 18 e os 26 anos, foram escolhidas pelo fato de, no momento da investigação, ainda se encontrarem em atividade. A informação obtida foi submetida à técnica de análise de conteúdo. Após análise dos dados verificamos que durante o período em que se encontravam lesionadas as atletas referiram sentir-se frustradas, com medo e sem autoestima. Esconder, omitir e esquecer a dor e a lesão foram as estratégias apontadas pelas atletas para gerir a dor e a lesão. No presente estudo, tal como em outros estudos já realizados, identificamos e analisamos uma cultura de risco no desporto de elite que tende a normalizar a dor e a lesão.

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