Resumo

Este estudo teve como objetivo identificar, por meio de uma extensão da Teoria do Comportamento Planejado (Theory of Planned Behavior - TPB), os fatores individuais que determinam a realização de exercício físico (caminhada) pelos pacientes com síndrome coronária aguda (SCA) ao longo dos dois primeiros meses após a alta hospitalar. Foi investigado ainda o efeito moderador da estabilidade da intenção na relação Intenção-Comportamento. Fizeram parte deste estudo 88 pacientes portadores de SCA não complicada atendidos nas unidades coronárias de três hospitais do interior do Estado de São Paulo. Tratou-se de estudo longitudinal, que envolveu três fases de coleta de dados: primeira etapa (T0), na alta hospitalar com obtenção dos dados de caracterização sociodemográfica e clínica e das variáveis psicossociais – Intenção (I), Atitude (AT), Norma Subjetiva (NS), Controle Comportamental Percebido (CCP), Comportamento Passado (CP), Auto-eficácia (AE), Hábito (H) e Risco Percebido (RP); segunda etapa (T1), um mês após a alta hospitalar, com mensuração do comportamento e nova medida da Intenção e demais variáveis psicossociais; e, terceira etapa (T2), dois meses após a alta para nova mensuração do Comportamento. Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística descritiva; teste de comparação para verificar diferenças dos escores de Intenção e comportamento entre T0, T1, e T2; de correlação para verificar a relação entre as variáveis psicossociais (At, NS, AE, RP, H e CP) e a Intenção (I); regressão linear uni e multivariada para testar a capacidade das variáveis psicossociais em predizer a Intenção e para testar a capacidade da Intenção e outras variáveis em determinar o Comportamento. Os dados mostraram que na alta hospitalar (T0), a Intenção em realizar o comportamento de caminhada foi determinado pelo Controle Comportamental Percebido, que explicou 29% de sua variabilidade. Um mês após a alta hospitalar (T1), a Intenção foi determinada pelo Controle Comportamental Percebido, que explicou 24% de sua variabilidade e também pelas variáveis Atitude e Comportamento Passado, que acrescentaram 8% e 4%, respectivamente, na capacidade de explicação de sua variabilidade. O Comportamento não foi explicado pela Intenção e nem por qualquer outra variável psicossocial, um mês após a alta hospitalar. Entretanto, a Intenção foi preditora do comportamento de caminhada, dois meses após a alta hospitalar, explicando 16% de sua variabilidade. A Estabilidade da Intenção não foi moderadora da relação Intenção-Comportamento. Os achados evidenciam que as variáveis psicossociais que influenciam a motivação para realizar o comportamento de caminhada são distintas nos diferentes momentos após a alta hospitalar e que, portanto, demandam estratégias educacionais específicas. 

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