Resumo

A obra “Educação Física no Brasil: a história que não se conta”, de Castellani Filho, representa um corte na narrativa histórica tradicional e teve seus reflexos no ensino da História na graduação. A denúncia do caráter ideológico das práticas e dos discursos da Educação Física, sedimentada na teoria marxista da história, princípio metodológico político caro aos profissionais nos anos 80, direcionou também o modo de “narrar/ensinar” a história. Algumas obras de Lovisolo, produziram rupturas nesse mesmo modo de narrar/ensinar nos anos 90, ao trazerem para o debate histórico questões que demandavam inclusive novos modos de ensinar — a pluralidade do campo profissional da Educação Física, suas tribos, suas multiplicidades
identitárias, sua legitimidade científica, pedagógica e social, sua forte vinculação com a arte, a estética, o gosto. O tema proposto diz respeito a algumas rupturas no ensino da História da EF a partir do campo plural da área em termos de suas inserções como práticas socioculturais do corpo. Para explorá-lo analiticamente construímos um contexto com algumas obras que provocaram rupturas no modo de entender a EF e com elas, novas demandas no ensino da História, bem como com experiências no ensino da História que foram singularizando ao longo dos anos um modo de ensinar cuja novidade reside em apontar uma prática para as aulas de História, articulada pela memória compartilhada — conceito capaz de unir o que estava até então separado: as narrativas de denúncia histórica dos anos 80, as demandas colocadas pela Nova História, e as experiências corporais narradas pelos estudantes, tendo em vista o ensino da História perspectivar-se nesse contexto como um modo singular de entender o presente e, sobretudo, de inserir-se nele em termos éticos e políticos.

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